2025-03-20
Brasil mira expansão nas exportações para a China em meio a tensões

Ministro da Agricultura anuncia habilitação de novas plantas frigoríficas e destaca liderança do país no mercado global de carne e frango

Em meio aos recentes conflitos comerciais entre os Estados Unidos (EUA) e a China, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou na quarta-feira (19), durante audiência pública no Senado Federal, que o governo brasileiro tem uma lista de cerca de 44 novas plantas frigoríficas a serem habilitadas para exportar ao país asiático.

“Na segunda-feira passada (17), 400 plantas frigoríficas norte-americanas foram desabilitadas de vender para a China. Por óbvio, isso migra certamente para o Brasil, uma grande oportunidade”, disse.

Fávaro explicou que o padrão de negociação dentro do modelo dos EUA ocorre através de uma habilitação por pré-lista, sendo que a de bovinos não foi mantida. “Devemos ter, neste ano, pelo menos mais algumas dezenas de plantas habilitadas, gerando oportunidades aos nossos pecuaristas e nossos produtores”, acrescentou.

Outra chance observada pelo Executivo surgiu devido aos problemas enfrentados pelos Estados Unidos, que estão enfrentando um surto de gripe aviária, impactando severamente seus plantéis comerciais de aves.

O Brasil, por sua vez, é um dos dois países no mundo que mantém seu setor avícola livre da doença. “Estamos com quase 40% das exportações de frango do mundo”, destacou Favaro.

Em resposta ao questionamento do senador Jayme Campos (União-MT), o ministro demonstrou apoio ao Projeto de Lei da Reciprocidade Ambiental, aprovado na Comissão de Meio Ambiente (CMA) na última terça-feira (18).

A proposta é uma resposta às recentes decisões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevou para 25% a tarifa sobre as importações de aço e alumínio brasileiros. De autoria do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), o projeto estabelece a exigência de condições equivalentes, permitindo ao Brasil requerer que seus parceiros comerciais adotem os mesmos padrões ambientais exigidos para a entrada de produtos nacionais em seus mercados.

“Veja que os Estados Unidos, depois que o governo do presidente Lula voltou a tarifa para a importação de etanol, se não me engano em 19%, estão reclamando, gritando, só sabem pedir para zerar a alíquota”, pontuou o ministro. “Mas não pensam em zerar a alíquota para exportarmos o nosso açúcar, que chega da ordem de 90%. Se ele está para zerar a alíquota para o açúcar, nós zeramos o etanol também, zeramos a carne, zeramos tudo”, completou.

O texto do PL PL 2088/2023 cria um mecanismo que possibilita ao Conselho Estratégico da Camex (Câmara de Comércio Exterior) a implementar contramedidas sobre sanções tarifárias internacionais. Entre os possíveis mecanismos estão a imposição de restrições às importações de bens e serviços, além da suspensão de concessões comerciais, investimentos e obrigações associadas a direitos de propriedade intelectual, assim como outros compromissos previstos nos acordos comerciais do Brasil.

“A lei de reciprocidade é o melhor caminho para acabar com essa retórica que hoje está reinando no mundo”, afirmou Fávaro.

Site Benews – 20/03/2025


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