2023-03-22
Empresas estão prontas para demandas imediatas na cabotagem, afirma Abac

Associação trabalha com perspectiva de crescimento para atividade nos próximos anos, apesar de impacto nos volumes em 2022 causado principalmente pela seca e pelo fim do acordo bilateral de navegação entre Brasil e Argentina

A Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac) reafirma que trabalha com perspectiva de crescimento para a atividade nos próximos anos, embora os números tenham ‘andado de lado’ em 2022, especialmente no transporte de carga conteinerizada. A interrupção no crescimento no último ano, segundo a associação, refletiu principalmente o período de seca e o fim do acordo bilateral de navegação entre Brasil e Argentina em janeiro de 2022, que ocasionou na perda de mais de 200 mil contêineres na chamada ‘longa cabotagem’, cuja carga foi absorvida por navios de longo curso.

O diretor-executivo da Abac, Luis Fernando Resano, destacou que a cabotagem continuará atuante e que as 10 empresas brasileiras de navegação (EBNs) associadas continuarão operando e investindo conforme a demanda e o surgimento de novos projetos. Além das cargas conteinerizadas, estão no radar insumos industriais e produtos intermediários para a indústria como bauxita, bobinas de aço, madeira, celulose e minério de ferro, que não costumam entrar na lista de cargas potencialmente ’cabotáveis’.

Ele lembrou que, em 2020, uma empresa associada trouxe dois navios de 120 mil toneladas para atender a uma demanda para o transporte de minério de ferro entre o Maranhão e o Ceará, que não estava mapeada pelo PNLP 2035. “Torcemos pelo crescimento do país para que possamos continuar trabalhando. Nossas associadas estão prontas para atender qualquer demanda imediata de aumento e investir para novas demandas”, disse Resano, na última semana, durante o seminário "O crescimento da economia e a importância da cabotagem na matriz de transporte brasileira: perspectivas e desafios", promovido pela Editora Globo, com patrocínio da Abac.

Na ocasião, ele enfatizou que, durante a pandemia e em outros momentos difíceis da economia e do transporte marítimo, a cabotagem manteve de forma ininterrupta o atendimento aos usuários, demonstrando ligação da atividade com investimentos em frota no país, aquisição de ativos de alto valor e o emprego de brasileiros nas atividades. Com auxílio de parceiros logísticos dos armadores, a Abac estima que a cabotagem trabalhe com 92,5% de índice de pontualidade e cerca de 450 mil operações por ano.

Resano acrescentou que, assim como os armadores do longo curso, os operadores da cabotagem também enfrentam questões ambientais. “Estamos sendo extremamente pressionados com o desenvolvimento de novas regras para reduzir emissões de gases de efeito estufa e de carbono alinhadas com regras internacionais definidas pela IMO (Organização Marítima Internacional)”, afirmou.

O diretor-executivo da Abac elencou que as EBNs associadas já implementaram em suas frotas medidas como o uso de novas tintas para pintura dos navios, apêndices no casco dos navios e melhorias no desempenho de navios, por meio de mudanças nos motores para aumentar a eficiência energética através de processos operacionais.

Ele explicou que os navios que operam na cabotagem brasileira atendem a todos os regramentos internacionais e estão prontos para fazer qualquer viagem internacional. “Infelizmente, temos custos diferenciados com as outras bandeiras de navios que fazem transporte internacional. São navios customizados para nossa atividade, mas estamos prontos. Se necessário farão (longo curso)”, lamentou Resano.

Na avaliação da Abac, é importante que o programa de cabotagem do governo federal (BR ,do Mar), instituído pela Lei 14.301/2022, preconize o fortalecimento das empresas brasileiras e possibilite investimentos, conforme prevê a Lei 9.432/1997, marco regulatório do setor. Para a associação, o crescimento da cabotagem depende diretamente dos resultados de gestão e da sustentação da economia do país. “Este crescimento gera mais demandas, além de possibilitar o planejamento estratégico de médio e longo prazo. Precisamos ter uma matriz de transporte equilibrada. É inadmissível termos apenas 13% de cabotagem. Na maioria das vezes, operamos como multimodal”, destacou.

Ele acrescentou que os serviços exigem navios dedicados para garantir a frequência e confiabilidade ao usuário, que precisa de rotas singulares, dias fixos para atracação e janelas nos portos. “A cabotagem para alguns casos é sempre opção mais barata, mas a decisão final é do usuário. Ele que fará o estudo de logística”, concluiu.

Site: Portos e Navios – 22/03/2023


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