PR deixa de movimentar 2 milhões t/ano de farelo de soja por 'pequena diferença' na conta logística
Portos do Paraná vê necessidade de busca constante por alternativas para oferecer eficiência e infraestrutura, evitando desvio de cargas para portos de outros estados
A Portos do Paraná tem mapeados em torno de 2 milhões de toneladas de farelo de soja que os portos paranaenses ‘perdem’ para o Porto de Santos (SP) por ano. O diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia da Silva, explicou que, ao final da conta logística, incluindo os custos portuários e de toda a cadeia do transporte, há uma diferença da ordem de 2 centavos de dólar por tonelada nesta operação.
Ele observa a necessidade de reconhecimento de que as empresas operam nos portos nos quais encontram vantagens competitivas. Segundo Garcia, toda a autoridade portuária tem o dever de buscar alternativas para conseguir oferecer eficiência e uma infraestrutura que resulte em mais competitividade e atratividade para os usuários, evitando o desvio de cargas como soja (embarque) e fertilizantes (desembarque) para o Porto de Santos (SP) ou para portos de Santa Catarina, por exemplo.
A autoridade portuária do PR identifica o Mato Grosso do Sul e o Paraná como estados fortemente agrícolas e também enxerga em sua área de abrangência o potencial para exportação de cargas provenientes de Santa Catarina, além do Paraguai. Garcia disse que, por muitos anos, o Paraná foi a ‘porta do oceano’ para o país vizinho, que não possui porto marítimo. O Paraguai é apontado como o segundo país com maior número de transporte por barcaças, fazendo carregamento em navios de longo curso na Argentina ou no Uruguai. Os paraguaios utilizam a hidrovia para escoamento das cargas por meio de comboios.
Garcia explicou que a seca que atingiu esse trecho da hidrovia nos últimos dois anos, pôs um ponto de alerta: “Se Itaipu não abrisse as comportas para a água escorrer, as barcaças não transitariam. Isso fez o Paraguai voltar a olhar para o Paraná”, comentou, na última semana, durante a Iª Conferência de Direito Marítimo, Portuário e Aduaneiro, promovida pela seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP).
Ele acrescentou que o estado pode se alavancar por meio de projetos de ferrovias e da melhora do sistema rodoviário e da infraestrutura portuária. O diretor-presidente dos portos paranaenses avalia que, dos três vetores que a Portos do Paraná atua, os acessos rodoviário e ferroviário não dependem diretamente dos portos, mas possuem sinergia com a autoridade portuária. "São três vetores que não se comunicam e talvez seja a função da autoridade portuária organizá-los para conseguir colocar todos no mesmo sentido, de desenvolvimento, porque são completamente diferentes", afirmou.
Site: Portos e Navios – 10/03/2023
