Prorrogação do Reporto reativa consultas para fornecedores
Apesar de 2022 ter sido um ano de eleições presidenciais, fornecedores de equipamentos de movimentação de contêineres e de carga geral acreditam que este foi um ano positivo. A prorrogação do Regime Tributário para incentivo à Modernização e a Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto) trouxe ganhos para o setor portuário e contribuiu para que os negócios tivessem segurança.
A Terminal Full Dealer (TFD) considera que os últimos 12 meses resultaram em um balanço positivo, onde foi possível estreitar laços comerciais com clientes e parceiros e grande parte de suas expectativas se confirmaram, ou estão se confirmando neste momento. Para Renato Macedo, diretor comercial da TFD, a decisão envolvendo a prorrogação do Reporto deu segurança para novos negócios no setor marítimo, mesmo que de forma paliativa. “O setor é de nicho e muito maduro, logo, quem tinha que tomar decisões a longo prazo não hesitou”, comenta Macedo.
O diretor da TFD acredita que o ambiente de negócios “pós-pandemia” é positivo e deve perdurar em 2023, “apenas confirmando a posição de Key Player do Brasil no âmbito internacional”. Segundo a avaliação da companhia, ainda existe bastante demanda represada, mas aos poucos isso tem sido ajustado. “Na nossa visão, estando à frente desse mercado há pelo menos 27 anos, creio que o agronegócio, contêiner, oil & gas e carga geral ainda têm seus lugares confirmados nesse voo”, declara Macedo.
A TFD representa a linha Konecranes Gottwald, com portfólio com mais de dois mil equipamentos vendidos ao redor do mundo. Ela tem como produto chave o guindaste móvel de cais (Mobile Harbour Crane — MHC), um equipamento conhecido por sua multipluralidade, que tem como função a garantia em terminais de contêiner, carga geral, bulk, oil e gas e projetos.
A empresa afirma que os terminais portuários estão analisando, neste momento, a compra de novos equipamentos, a fim de evitar parte do gargalo da logística no Brasil. Além disso, enfatiza que a demanda por manutenção e serviços tem sido significativa. “É durante o atendimento da garantia que comprovamos a qualidade de nossos serviços e excelência operacional. Já no After Market (pós-vendas) vários clientes voltam a nos procurar para assisti-los, seja com um atendimento Spot, um serviço pontual ou até mesmo um contrato de assistência técnica. Por esse motivo, a TFD investiu nos últimos três anos no aumento do número de engenheiros e bases avançadas por todo Brasil”, relembra Macedo.
A Rimac também vê 2022 como um bom ano. Para o diretor comercial, Marcelo Vieira, os projetos que estavam represados foram liberados e eles estão alcançando as metas planejadas. A empresa acredita que o Reporto, de certa maneira, deu segurança para negócios onde tinha corrida às compras para alguns equipamentos com prazo de entrega longos.
“Devido aos reflexos da pandemia e à guerra na Ucrânia, os prazos de componentes e produção aumentaram ao longo do ano. Para alguns equipamentos, estamos com prazos de até 24 meses. E, neste último caso, se o Reporto não for renovado após 31 de dezembro, os clientes correm riscos de não gozarem do incentivo”, diz Vieira.
Para ele, a infraestrutura do setor portuário pode sofrer com prazos longos de entrega, mas não de incertezas no mercado. Segundo Vieira, ainda há carência de investimentos no setor, mas isso vem sendo supridos por players. Além disso, os terminais de contêineres seguem com investimentos, seja em renovação ou expansão de frota de equipamentos. Mas, a empresa vê com grande interesse os investimentos previstos para os terminais de granéis sólidos, assim como dos novos entrantes de papel e celulose.
Ao longo de seus 25 anos, a fornecedora tem firmado parceria com uma série de equipamentos portuários como: Bromma (spreaders para movimentação de contêineres); MAFI (terminal tractors para movimentação interna de carretas de contêineres assim como Ro-Ro); Paletrans (carretas industriais portuárias porta-contêineres); Conductix-Wampfler (eletrificação de RTG, STS e MHC).
Vieira destaca que novos projetos importantes estão em andamento e a consulta por novas soluções é constante em terminais portuários. “Boa parte de nossos clientes atingiu uma maturidade onde estão procurando a excelência operacional de seus terminais. Aí é onde entramos com as inovações de nossas representadas”, comenta Vieira.
A Rimac vem trazendo novas tecnologias e soluções para esse setor no Brasil. De acordo com o diretor, em 2022 a fornecedora trouxe algumas soluções pioneiras no Brasil. Por exemplo: para o segmento de contêineres, o seu cliente Porto Itapoá (SC) foi o primeiro terminal brasileiro a utilizar as gaiolas de estivadores do fabricante Tec Container, trazendo mais segurança à sua operação. Já o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) instalou o sistema de monitoramento online de temperatura de contêineres.
A Super Terminais, de Manaus (AM), inovou ao ser o primeiro terminal tractor eléctrico no Brasil, do fabricante alemão MAFI. O Sepetiba Tecon (RJ) recebeu 13 novos RTGs equipados com cabines e assentos de operador de última geração da Metagro, prezando a ergonomia e o conforto para seus operadores. “Ainda estamos finalizando a contratação da eletrificação de RTGs em um importante terminal, onde passarão de motorização diesel para alimentação elétrica. No segmento de granéis, os carregadores de navios com capacidades até 22.000tph do fabricante DHHI. Isso é um divisor de águas no mercado”, ressalta Vieira.
A Mantsinen, representada pela JT & Partners, avalia que o ano de 2022 foi excelente a nível global, mas o mesmo não aconteceu no Brasil. Segundo a empresa, no país ainda existem poucos projetos portuários, entretanto, estão com boas expectativas em relação ao ambiente de negócios no setor levando em conta o período pós-pandemia.
Para Samuli Seilonen, diretor de vendas do grupo na América Latina, a definição envolvendo a prorrogação do Reporto deu segurança para novos negócios no segmento. Pois, “a clareza das regras ajuda para os investimentos”. “Todas as circunstâncias que atrasam novos investimentos e novas máquinas se traduzem em desafios para os departamentos de assistência técnica e pós-vendas. Estamos reforçando nossas equipes e estoques para essa realidade”, salienta Seilonen. A companhia vem trabalhando com os guindastes hidráulicos, que são multipropósito para todo tipo de cargas, como principal produto de movimentação de contêineres e/ou carga geral na Europa. E tem como objetivo dar ênfase ao produto em 2023 no Brasil.
Segundo o diretor da Mantsinen, a demanda por manutenção de serviços tem sido bem significativa, pois o Brasil está em uma fase de ofertas e entregas muito grande. “A demanda é necessária para os projetos da venda de equipamentos para operações críticas como as portuárias”, relembra Seilonen.
Assim como a Mantsinen, a Terex Corporation viu o ano de 2022 como desafiador, principalmente porque o país teve eleições presidenciais. Ainda sim, a empresa marcou a retomada de alguns projetos na área portuária. O gerente regional da marca na América do Sul, Sandro Sato, avalia de forma positiva o ambiente de negócios do setor de portos, levando em conta o período pós-pandemia, inclusive em função das obras relacionadas a infraestrutura, como estrutura organizacional e produtos.
Hoje, a linha de produtos em que a companhia mais tem inserção dentro do mercado portuário são os manipuladores da marca Fuchs. Sato afirma que existe uma demanda crescente no sentido de utilizar um modal mais eficiente para o recebimento de matéria prima e escoamento do produto final. “A Fuchs vem através de sua rede de distribuidores ampliando sua participação na movimentação de grãos, madeiras e carga em geral com manipuladores hidráulicos”, comenta o gerente.
A companhia não tem dúvida de que a prorrogação do Reporto fez surgir novas e reativar antigas oportunidades para a Terex no setor. E, atualmente, está focada em terminais privados, com grandes e importantes projetos dentro do Brasil e nos países limítrofes. “Incluindo a expansão de nossa rede de distribuidores para oferecer um melhor serviço aos clientes”, diz Sato.
A Terex vem ampliando o seu portfólio justamente com foco no setor portuário e conta com uma ampla rede de distribuidores no Brasil. Atualmente com três distribuidores e mais de 30 pontos comerciais em todo o país. “Nosso mercado é sensível a uma estrutura sólida e presente no que se refere a serviços”, destaca Sato.
Site: Portos e Navios – 02/03/2023
