Em 2022, 80% dos navios foram desmantelados em praias do sul da Ásia
Um total de 443 navios comerciais oceânicos e unidades offshore foram vendidos para sucateamento em 2022, mostram dados da ONG Shipbreaking Platform. Destes, 292 grandes navios-tanque, graneleiros, plataformas flutuantes, navios de carga e de passageiros acabaram en praias de Bangladesh, Índia e Paquistão.
O último relatório da plataforma mostra que, embora os estaleiros de desmantelamento do sul da Ásia tenham registrado o menor volume de negócios em mais de uma década, com uma queda significativa no número de navios sucateados, eles continuaram sendo o destino preferencial de navios em fim de vida, desmantelando 80% da tonelagem bruta global.
As razões para a queda no número de embarcações sucateadas incluem altas taxas de frete marítimo que tornaram rentável continuar operando embarcações mais antigas e escassez de créditos bancários a empresas para a compra de ativos em fim de vida.
Os estaleiros de demolição de navios na região são conhecidos por suas condições de trabalho insustentáveis e perigosas, que muitas vezes resultam em ferimentos ou mesmo em mortes. Isso inclui incêndios e queda de chapas de aço, bem como exposição a vapores e substâncias tóxicas.
Em 2022, pelo menos 10 trabalhadores perderam a vida e 33 trabalhadores sofreram ferimentos ao desmanchar embarcações na praia de Chattogram, em Bangladesh. Foram relatadas também três mortes em Alang, na Índia, e três feridos em Gadani, no Paquistão, de acordo com a ONG Shipbreaking Platform.
Em 2022, operadores chineses lideraram a estatística, com 28 navios vendidos para sucateamento no sul da Ásia, seguida por Rússia, Cingapura, Emirados Árabes Unidos e Grécia.
A ONG Shipbreaking Platform disse que o Berge Bulk destinou um total de 24 embarcações nos últimos dez anos. As brasileiras Petrobras e BW Offshore também frequentaram a parte alta das estatísticas, segundo a ONG.
Embora existam leis ambientais e trabalhistas que regulam a reciclagem de navios, elas são facilmente contornadas pelos armadores. Os comerciantes de sucata pagam preço mais alto por embarcações e renomeiam, registram e embandeiram novamente as embarcações em sua última viagem.
Mais da metade dos navios vendidos para o sul da Ásia em 2022 mudou de bandeira para uma das bandeiras listadas como cinza e negra: Camarões, Comores, Palau, São Cristóvão e Nevis e Tanzânia. Muitas vezes apenas algumas semanas antes de chegar à praia. Pelo menos oito dessas mudanças de bandeira permitiram aos proprietários de navios contornar o Regulamento de Reciclagem de Navios da UE , segundo o relatório.
Em 2022, um total de 49 navios foram desmantelados na Turquia, em um local onde atualmente estão localizados seis estaleiros de reciclagem de navios aprovados pela UE.
Site: Portos e Navios – 06/02/2023
