2023-01-31
Seguro ainda é imprescindível para casos de pirataria na região Norte

Seguradoras apontam necessidade de proteções devido aos relatos de ataques de piratas às embarcações na região. Sindarma cita 1,5 milhão de litros roubados somente nos quatro primeiros meses de 2022

O setor de transportes, independente do modal e da localidade, está sempre sujeito a riscos comuns como incêndio, avarias e até aos imprevisíveis como assaltos e pirataria. Geralmente, há registros desses crimes no Estreito de Malaca (na costa da Malásia), na costa oeste do continente africano e na região do Caribe. No Brasil, há relatos de ataques de piratas às embarcações que fazem o transporte de combustível na região Norte do país.

Segundo o Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), somente em 2022, nos quatro primeiros meses, piratas atacaram quatro embarcações que transportavam cargas e combustíveis nos rios, totalizando, apenas em gasolina e óleo diesel, mais de 1,5 milhão de litros roubados.

Para Madison Nóbrega, vice-presidente do Sindarma, a situação tem piorado desde 2021, quando o Pará inaugurou uma base flutuante, investindo no combate à pirataria na região. Já o Amazonas ainda "não teve consciência da gravidade". "As empresas de navegação contrataram empresas privadas de segurança. Como não há uma solução a curto prazo, alguns tripulantes não querem mais trabalhar em balsas para transporte de combustíveis devido à incidência de assaltos", lamentou.

Mesmo o Porto de Santos (SP), um dos principais portos da América Latina, já passou por algo parecido em 2018. Na época, piratas armados chegaram a render a tripulação e a invadir um navio de bandeira italiana. Hoje em dia, Wagner Spindola, chefe da área marítima da Globus Seguros considera a costa brasileira segura, mas afirma que é essencial buscar se proteger.

Para Guilherme Mattoso, chefe da área marítima da Gallagher Brasil, não se pode falar de segurança ou insegurança em determinado local — a não ser naquelas onde ocorrem conflitos ou greves que podem impactar o transporte de carga marítima ou fluvial. "Por mais que se invista em segurança no setor de transportes, os riscos estão sempre presentes, o que não significa que exista insegurança. Mesmo que alguém possa garantir que existem áreas seguras, isso não significa que estão livres da ocorrência de sinistros como greves", destacou.

Para a proteção, os especialistas indicam o seguro da área de navegação como um todo, ainda que com diferentes coberturas. Atualmente, eles integram a categoria dos seguros de riscos nomeados, isto é, que cobre perdas e danos patrimoniais e lucros cessantes de bens pertencentes ao navegador.

"Antes, o seguro de casco incluía em sua apólice diferentes sinistros, além de incêndios e avarias, enquanto o seguro de carga refere-se aos riscos inerentes aos produtos transportados. Diante de roubos violentos e conflitos, o mercado oferece agora o seguro de guerras e greves, como forma de cobrir riscos ao transportador", comentou Mattoso.

Hoje é possível fazer uma apólice para o transporte em uma determinada região de conflito, que pode ser cancelada e uma nova emitida para outra região. "O seguro de guerra e greve tem a finalidade de proteger. Se a greve terminar, o segurado pode cancelar, dentro de regras previamente estabelecidas na apólice", destacou Spindola.

Site: Portos e Navios- 31/01/2023


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