Consultor vê 2023 como ano de demandas para serviços offshore
Há expectativa de um número significativo de plataformas a serem desativadas a partir deste ano
Nos últimos quatro anos, as embarcações de apoio offshore passaram por períodos difíceis, mas para especialistas isso está prestes a mudar. Segundo Maurício Almeida, diretor do escritório Pinheiro Almeida Perícia e Assistência Técnica, estaleiros especializados em embarcações de serviço começaram a ter um aumento nas demandas relacionadas ao apoio marítimo, na área de construção ou manutenção e reparo.
O diretor participou de um seminário da Petrobras e afirmou que a estatal pretende construir e aumentar a demanda. "Com o número de plataformas crescendo, automaticamente aumenta o número de embarcações de apoio. Cada plataforma leva em torno de 4 a 6 embarcações de apoio e existe uma perspectiva grande de termos plataformas sendo construídas a partir de 2023", comentou.
No final de 2022, a Petrobras assinou com a empresa Sembcorp Marine Rigs & Floaters, contrato para construção da plataforma P-82, que será uma das maiores a operar na indústria de petróleo e gás mundial. A plataforma terá capacidade de produzir até 225 mil barris de petróleo por dia (bpd) e processar até 12 milhões de m³ de gás/dia – além de armazenar mais de 1,6 milhão de barris.
Além disso, segundo Almeida, há previsão de um grande número de plataformas que estão sendo desativadas a partir de 2023. "30 plataformas vão ser descomissionadas e vão precisar de embarcação de apoio offshore para isso — nem que seja para retirar do Brasil", destacou.
No Recôncavo Baiano, o estaleiro Enseada, localizado em Maragogipe, tem expectativa de retomada plena da sua atividade em 2023. Por falta de encomendas, o empreendimento diversificou a atuação para atender a outras demandas, como a de terminal marítimo, e declarou que, agora, espera demanda por estruturas navais e uma maior quantidade de projetos offshore no país.
Para o consultor do Pinheiro Almeida, outro ponto positivo para a indústria naval será a adaptação das embarcações para suporte a parques de energia eólica offshore. "Esse é um fato, uma realidade. As embarcações de hoje não têm características 100% de embarcações para fazer o apoio a energia eólica. Dessa forma, elas precisarão se adaptar tanto para instalar quanto para manter os parques", afirmou Almeida.
Para Sérgio Bacci, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), essa é uma tendência mundial e, no Brasil, não poderia ser diferente. "Ainda não andamos com isso porque não tem demanda. Mas, à medida em que houver, vamos efetivamente começar a trabalhar nessa lógica de navios ‘green’", destacou.
Segundo Bacci, os estaleiros sempre estiveram antenados e preocupados com os impactos ambientais. "Procuramos desenvolver as atividades de uma forma que não afete o meio ambiente, até porque as multas são caras, então os estaleiros têm que ter toda uma preocupação ambiental", relembrou.
Site: Portos e Navios – 30/01/2023
