Apesar dos desafios, portos chineses fecharam 2022 com números resilientes
Para especialistas, o país tem um grande potencial em continuar desenvolvendo o setor de exportações em 2023
Em 2022, os maiores portos da China registraram ótimos desempenhos, mesmo enfrentando, há muito tempo, impactos negativos da pandemia causada pelo Covid-19. Em entrevista para a Global Times, especialistas chineses da indústria e comércio afirmam que a resiliência demonstrada pelos portos chineses é indicativo do forte potencial do país em continuar desenvolvendo seu setor de exportações em 2023.
De acordo com o Cognyte Software Ltd (CGTN), a Shanghai International Port Group movimentou um total de 47,3 milhões de TEUs, conquistando o primeiro lugar mundial em portos de contêineres pelo 13º ano consecutivo. A sua recuperação seguiu o formato em V em julho, após a interrupção de abril a junho, e bateu recordes na movimentação diária de contêineres do dia 8 e 11 de setembro.
Já o Shandong Port Group Co, conglomerado portuário da província de Shandong, no leste da China, anunciou na última sexta-feira de 2022 que movimentou 1,6 bilhão de toneladas de mercadorias, ocupando o primeiro lugar no mundo. Para contêineres, a empresa disse que movimentou 37 milhões de TEUs, ficando em terceiro lugar global, com um aumento anual de 8,7%. Segundo o porto, o seu desenvolvimento impulsionou as exportações de Shandong em 20 bilhões de yuans (US$ 2,9 bilhões) em 2022.
O impacto negativo da pandemia e a desaceleração da demanda em 2021 colocou uma série de desafios para os portos chineses no último ano. O vírus atingiu o porto de Yantian e o porto de Shenzhen, potência exportadora do sul da China, em março, seguido por surtos em Xangai, que afetaram a sua operação. Depois disso, o porto de Ningbo também foi atingido por um surto.
No entanto, os operadores portuários chineses conseguiram superar os desafios, se adaptando e organizando os trabalhadores para permanecerem em circuitos fechados, abrindo novas rotas marítimas e estendendo as ferrovias até o porto.
Wu Minghua, um veterano analista de transporte marítimo chinês, disse ao Global Times, que os portos chineses estão “cheios de determinação e esforço para alcançar os melhores resultados” contra as probabilidades. O que tem mostrado bons resultados. “Com esses esforços, espera-se que a classificação global dos portos chineses permaneça basicamente a mesma em 2022, embora alguns portos ainda não tenham publicado seus dados”, comentou.
Para Wu Jiazhang, analista de portos do Shanghai International Shipping Institute, entre os 20 principais portos globais, os chineses tiveram um desempenho melhor em termos de movimentação de cargas e contêineres. Wu Jiazhang analisou os dados dos três primeiros trimestres e observou que o declínio da demanda global resultou em uma diminuição na produção no Porto de Cingapura e no Porto de Busan, na Coreia do Sul.
De acordo com dados do Ministério dos Transportes, a movimentação de carga dos portos chineses durante os primeiros 11 meses de 2022 aumentou ligeiramente 0,7%, em relação ao ano anterior. Já a movimentação de contêineres aumentou 4,2%.
Segundo Wu Jiazhang alguns portos chineses conseguiram registrar um aumento de mais de 5% na movimentação de contêineres, durante o período de janeiro a novembro, enquanto seus equivalentes globais tiveram quedas. Inclusive, há expectativas que o Porto de Tianjin reivindique o título de nº 7 do mundo.
Bai Ming, vice-diretor do instituto de pesquisa de mercado internacional da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Econômica, comenta que o fato dos principais portos da China terem lidado com o impacto da pandemia e permanecerem resilientes tem semelhanças com a economia chinesa. "Apesar de enfrentar múltiplas pressões, a economia provou ser comparavelmente resiliente durante o ano, graças à sua força do lado da oferta e ao potencial de seu vasto mercado", afirmou.
Olhando para 2023, Bai acredita que se os mercados dos EUA e da Europa enfraquecerem devido a uma recessão esperada, as exportações da China ainda podem encontrar novos espaços para crescimento no mercado sob o acordo comercial Regional Comprehensive Economic Partnership (RCEP) e os mercados Belt and Road.
Bai observou que, embora o subíndice para pedidos de exportação no Índice de Gerentes de Compras da manufatura tenha estado fraco por alguns meses, a leitura indica uma resistência, em vez de encolhimento dos pedidos de exportação, devido à forma como as estatísticas são coletadas.
Wu Jiazhang disse que a nova demanda decorre do rápido desenvolvimento do comércio eletrônico transfronteiriço e da melhoria da eficiência nos portos como resultado da melhoria da infraestrutura digital. “Em 2023, a indústria terá que lidar com uma série de novos problemas, como o número recorde de contêineres vazios em vários portos chineses e a pressão para dissipá-los, desordem na oferta e demanda por rotas marítimas e taxas decrescentes”, ressaltou.
Site Portos e Navios – 05/01/2023
