Apesar da escassez, navios ro-ro têm servido como solução logística no Brasil
Embarcações também têm sido utilizadas para movimentar cargas estáticas
Desde a pandemia, a indústria automobilística tem enfrentado desafios sem precedentes. Em 2020 muitas empresas pararam as produções de semicondutores e como consequência isso gerou uma escassez no mercado de tecnologia. Hoje, os efeitos ainda são sentidos e outra grande preocupação tem aparecido em sua cadeia de suprimentos: a falta de navios Roll on-Roll, conhecido como ro-ro.
De um lado, o aumento constante na demanda por veículos após a pandemia, do outro, a diminuição da construção de novos navios do tipo ro-ro: a união menos desejada no transporte global de veículos e cargas pesadas rolantes em todo o mundo. Além disso, segundo o gerente-geral da K-Line no Brasil, Rafael Cristelo, é importante frisar que os principais armadores também costumam limitar os pedidos de novos navios devido à necessidade do alto investimento em tecnologias.
Para o gerente, o lado bom é que existe uma grande oferta de soluções logísticas para o transporte de diferentes tipos de cargas em todo o mundo. "O embarque de tratores e também outras cargas rolantes, como caminhões e veículos, em navios Lo/Lo (lift-on/lift-off) é uma alternativa apresentada ao exportador para driblar a falta de espaço e de navios ro-ro", comenta.
Segundo Vitor Lousada, gerente do Terminal de Veículos (TEV), operado pela Santos Brasil no Porto de Santos, no segundo semestre de 2022 o terminal utilizou dois navios desse tipo com embarque de caminhões. "São navios que geralmente movimentam cargas de projeto, tipo BBC", disse.
Cristelo também relembrou que, da mesma maneira, durante a recente escassez global de contêineres, os navios ro-ro foram utilizados para movimentar cargas estáticas, com auxílio de equipamentos como os “Mafi Trailers”, conhecido como uma espécie de plataforma com rodinhas. De acordo com o Porto de Santos, em 2022 houve um aumento de mais de 100% na movimentação de cargas soltas e o transporte ro-ro atuou como a melhor opção em meio à crise mundial.
Atualmente, as principais origens e destinos dos veículos e equipamentos transportados por essas embarcações, na balança comercial brasileira, são os países da América Latina, principalmente México, Colômbia, Argentina, Chile e Peru.
Em relação aos principais portos brasileiros que movimentam veículos, especialistas indicam Santos, Paranaguá, Vitória, Rio de Janeiro, Suape, Itajaí e Rio Grande. "Eu acredito que especialmente Vitória e Suape têm um grande potencial de crescimento nos próximos anos", declara Cristelo.
O Terminal de Veículos (TEV) operado pela Santos Brasil no Porto de Santos é o maior terminal de veículos do Brasil, com capacidade operacional para 300 mil automóveis por ano. Ele responde por 90% da movimentação do Porto de Santos e por cerca de 70% das exportações em todo o Brasil.
O TEV movimentou 76.619 veículos no terceiro trimestre do ano passado (3T22), crescimento de 81,7% frente ao mesmo trimestre do ano passado, com 67.816 unidades exportadas (+78,2%) e 8.803 importadas (+114,5%). No período, registrou-se incremento nas exportações de máquinas agrícolas e equipamentos para o setor de construção civil em relação ao 3T21. Os veículos pesados representaram 8,0% do volume total.
No 2T22, o terminal bateu recorde trimestral histórico, tendo registrado a movimentação de 85.053 unidades (+55,4%), com a exportação de 77.974 automóveis (+64,6%), destacando-se os mercados do Chile e Colômbia, e importação de 7.079 veículos (-4,0%). Os veículos pesados representaram 7,2% do volume total, com destaque para máquinas agrícolas e equipamentos para o setor de construção civil. No 1T22, foram movimentados 54.325 veículos, com exportação de 48.102 unidades e importação de 6.223 unidades.
Site Portos e Navios – 04/01/2023
