Fornecedores devem estudar diferentes cenários e novas possibilidades de suprimento
Os fornecedores de máquinas e equipamentos devem estar atentos às diferentes avaliações de cenários e às novas possibilidades de suprimento para fomentar seus negócios em um mercado com diversificação de oportunidades, mas com novos paradigmas. A recomendação é do diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) nas áreas de petróleo, gás natural, bioenergia, petroquímica e hidrogênio, Alberto Machado. Ele observa que as empresas precisam buscar conhecimento das tecnologias desenvolvidas, inclusive das preocupações com o meio ambiente nas atividades.
Machado chamou atenção para o crescimento substancial de investimentos em energias renováveis, tendência que considera um dado importante nas decisões empresariais. "Isso mostra que teremos investimento maior em solar, eólicas (...). Investimentos em O&G, em termos percentuais, serão menores do que os demais investimentos, o que abre perspectiva de oportunidades em outras áreas fora do petróleo e do gás", apontou o especialista durante apresentação em reunião da Câmara Setorial de Equipamentos Navais, Offshore e Onshore (CSENO/ABIMAQ), realizada na última quinta-feira (15).
Na ocasião, ele mencionou que muitas das plataformas têm conteúdo local por conta da resolução 726/2018 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que obriga 40% das máquinas e equipamentos a serem nacionais. Para Machado, mesmo com a montagem do casco no exterior, as empresas brasileiras podem atender alguns itens desses projetos. Ele lembrou que existe uma consulta pública sobre certificação de conteúdo local em andamento, em que os agentes setoriais vão discutir a medição de itens brasileiros. A consulta pública termina no próximo dia 28 de dezembro e a sessão presencial está marcada para o dia 24 de janeiro.
Machado avalia que os FPSOs geram oportunidades para a indústria brasileira, inclusive os que já estão contratados. Ele ponderou que é preciso verificar os índices de conteúdo local de cada projeto porque, dependendo do ano e do regime em que o contrato foi firmado, o percentual tem um formato diferente. Alguns têm 40% de exigência de conteúdo local para máquinas e equipamentos, outros têm 25% de bens e serviços misturados, o que reduz neste caso as chances de fornecimento para associados da CSENO. “Para nós, os FPSOs contratados também são oportunidade. Mas é preciso ver o leilão em que foi vendido e ver as condições de contrato”, recomendou Machado.
O diretor da ABIMAQ acredita que o recém-lançado plano de negócios da Petrobras (2023-2027) deve mudar, mas considera que o valor total de investimentos previstos (US$ 78 bilhões) seja um piso. Ele considera que, mesmo que o setor de petróleo perca um pouco do investimento externo com a transição de governo, haverá aportes relevantes para contratações de equipamentos, pelos quais os fornecedores locais devem se empenhar em conquistar. Machado destacou que o atual plano da Petrobras retornou a projeção de investimentos em níveis superiores aos de antes da pandemia.
Ele estima que cada FPSO demandará, no mínimo, dois barcos de apoio offshore. Um gargalo que pode ser antecipado, segundo Machado, é a demanda por navios aliviadores (shuttle tankers), principalmente em águas ultraprofundas que ainda não têm porte para escoar por oleoduto. Além dos investimentos em logística, Machado vê empresas apostando no onshore e na operação de campos maduros, bem como empresas de pequeno porte que, muitas vezes, não possuem condições de importar equipamentos e optam por comprar no mercado brasileiro. “É preciso pensar com a cabeça aberta porque a oportunidade nem sempre é visível. Vão acontecer casos em que demanda fundamental para nossas empresas não aparece”, disse Machado aos associados.
Projetos da Marinha - Na abertura da reunião, o presidente da CSENO/ABIMAQ, Leandro Pinto, contou que algumas associadas da câmara setorial receberam consulta do Estaleiro Jurong Aracruz (ES), onde será construído o navio polar (NAPANT). Outra sondagem foi feita para indicação de um fornecedor para a modernização do sistema de refrigeração da corveta Barroso. Em novembro, representantes da CSENO participaram de uma reunião com o novo diretor industrial da Marinha objetivando manter o relacionamento da ABIMAQ com a força naval e estabelecer a sede da ABIMAQ no Rio de Janeiro como apoio às demandas de máquinas e equipamentos.
Em relação aos 12 navios-patrulha de 500 toneladas (NPa-500br), a informação de momento é que se tem garantido orçamento para fazer uma unidade, segundo sinalização da Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) em eventos recentes. A previsão é que sejam construídas 12 unidades, em estaleiro nacional a ser definido. O custo estimado para o primeiro navio é de US$ 35 milhões. A expectativa da EMGEPRON é reduzir de 10% a 15% esse valor ao longo dessa série. Também existem planos de um navio de apoio oceânico de 12 mil toneladas.
Site Portos e Navios - 16/12/2022
