Mais 16 projetos de eólicas offshore protocolados no Ibama em 4 meses
A área de energia eólica offshore é a grande aposta do mercado energético nacional e internacional, por se tratar de uma alternativa renovável, de baixa emissão de gases do efeito estufa. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o Brasil tem protocoladas 70 propostas de licenciamento para projetos para construção de complexos eólicos offshore, que totalizam capacidade de 176,5 gigawatts de potência. No início de agosto, o número de propostas era de 54.
Ao todo, o IBAMA mapeou 21 processos relativos a projetos com possibilidade de implantação no Ceará, 21 no Rio Grande do Sul, 9 no Rio de Janeiro, 9 no Rio Grande do Norte, além de outros 4 no Espírito Santo, 4 Piauí, 1 no Maranhão e 1 em Santa Catarina. Desse total listado pelo órgão ambiental, 23 se sobrepõem.
O primeiro projeto a ser apresentado foi o de Caucaia, da empresa BI Energia, em 2016. Somente em 2022, 48 projetos deram entrada e o empreendimento Ventos do Sul (RS), entre todos, foi o que teve maior potência com 6.507 gigawatts. Além disso, 24 empresas protocolaram projetos no IBAMA, sendo a BLUEFLOAT Energy do Brasil tendo 7, seguido pela SHIZEN Energia do Brasil, EQUINOR Brasil Energia, SHELL BRASIL Petróleo com 6 cada.
Os dados contabilizam processos de licenciamento ambiental de eólicas offshore abertos no IBAMA até a última segunda-feira (5). O órgão ambiental federal ressalta que, após o lançamento do termo de referência (TR) em 2020, padrão para estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA) de complexos eólicos marítimos, novos processos de licenciamento ambiental para projetos da tipologia foram intensificados. Clique aqui para visualizar o mapa mais recente atualizado pelo IBAMA em PDF.
Atualmente, o Brasil é considerado a maior potência eólica da América Latina e especialistas veem objetivos mais altos para o país nesse mercado. Em novembro, durante o painel de infraestrutura e apoio à transição energética, no pavilhão brasileiro montado na COP-27, no Egito, a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABE Eólica), Elbia Gannoum, comentou que o Brasil tem pressa em começar a produzir hidrogênio verde e energia elétrica a partir dos aerogeradores que serão instalados no mar, conhecidos como eólicas offshore.
"Precisamos acelerar (o processo de implantação de empreendimentos de energia limpa) porque todos países querem liderar esse processo. Muitos países têm condições de liderar, mas talvez o Brasil seja o país que reúne as melhores condições para liderar esse segmento", disse Elbia.
No Ceará, a expectativa é que o estado venha a se tornar o principal produtor do hidrogênio verde, tendo como hub uma usina no Porto do Pecém (CE). Segundo o coordenador de energia da Federação das Indústrias do Ceará (FIEC), Joaquim Rolim, o estado deverá ter ainda este ano a primeira molécula de hidrogênio verde sendo produzida pelo projeto piloto no Complexo do Pecém. “Inclusive o Senai já está fazendo capacitações sobre o tema do hidrogênio verde. Ano passado, tivemos um curso com mais de 5 mil inscritos. Estamos muito otimistas. Não podemos desperdiçar essa oportunidade”, disse Rolim.
O mundo inteiro tem investido em todo o potencial que o mar pode oferecer. A China pretende construir um mega complexo eólico com potência equivalente a 30 reatores nucleares. Ele seria formado por turbinas instaladas no mar e capaz de gerar, sozinho, quase o dobro da eletricidade produzida por todos os 827 parques eólicos em operação no Brasil. Porém, embora tenha a maior capacidade de energia eólica do mundo, a China ainda produz 54% da sua eletricidade a carvão. Por isso, o país visa a neutralidade de carbono até 2060, se apoiando na energia eólica para atingir seus objetivos.
Os Estados Unidos concentram 6 dos 10 maiores parques eólicos onshore do mundo, entre os quais o Alta Wind Energy Center, na Califórnia, com capacidade de 1.589 megawatts, sendo o segundo maior parque eólico onshore do planeta. Na Europa, em novembro deste ano, o maior parque eólico flutuante do mundo produziu sua primeira energia com turbinas da fabricante SIEMENS GAMESA.
O equipamento tem capacidade de 88 megawatts, e se tornou o mais potente do tipo. Segundo Geir Tungesvik, vice-presidente executivo da EQUINOR para projetos, perfuração e compras, este é o primeiro parque eólico do mundo que alimenta a produção de instalações de petróleo e gás. “Isso reduzirá as emissões de gás carbônico dos campos de petróleo e gás em cerca de 200.000 toneladas por ano”, afirmou.
Site Portos e Navios - 12/12/2022
