2025-12-16
Arco Norte amplia participação no escoamento de grãos

Hidrovias do Norte movimentaram quase 50 milhões de toneladas de soja e milho até outubro e responderam por mais de 40% das exportações do cereal

A navegação fluvial no Norte do país ampliou sua participação na logística nacional e passou a ocupar papel relevante no escoamento de grãos do Centro-Oeste para o mercado externo. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que os corredores hidroviários do chamado Arco Norte movimentaram 49,7 milhões de toneladas de soja e milho entre janeiro e outubro de 2025.

As informações constam do Boletim Logístico da Conab, divulgado em novembro de 2025. Segundo o levantamento, os portos do Arco Norte responderam por 37,2% das exportações brasileiras de soja e por 41,3% das de milho no acumulado dos dez primeiros meses do ano. Os números colocam a região em patamar próximo ao dos corredores tradicionais do Sul e do Sudeste, historicamente predominantes nessas operações.

A estrutura do Arco Norte conecta áreas produtoras do Centro-Oeste a terminais localizados na Amazônia Legal, alterando rotas logísticas e reduzindo distâncias até os portos de exportação. De acordo com a Conab, essa configuração tem contribuído para a redistribuição dos fluxos de transporte da safra, especialmente nos períodos de maior demanda.

Para o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, os dados refletem uma mudança estrutural no sistema logístico brasileiro. “Os números provam que o Arco Norte deixou de ser uma promessa para se tornar uma realidade consolidada. Quando vemos que mais de 40% do milho e mais de um terço da soja do país saem pelos nossos rios, estamos falando de eficiência e competitividade. Fortalecer essas hidrovias é garantir que o produto brasileiro chegue mais rápido e barato aos mercados internacionais”, afirmou.

O funcionamento do Arco Norte é baseado em um sistema multimodal que combina transporte rodoviário e fluvial. A produção agrícola segue por estradas até polos de transbordo localizados em pontos estratégicos, como Miritituba e Itaituba, no Pará, Porto Velho, em Rondônia, e Caracaraí, em Roraima. Nesses locais, a carga é transferida para comboios de barcaças.

A partir desses polos, os grãos seguem pelos rios Tapajós, Madeira e Amazonas em direção a portos exportadores como Itacoatiara, no Amazonas, Santarém e Barcarena, no Pará. Segundo dados técnicos do setor, a navegação fluvial permite maior capacidade de carga por viagem e menor custo operacional em trajetos de longa distância.

De acordo com análises logísticas divulgadas pela Conab, a rota pelo Norte reduz a dependência de longos percursos rodoviários até os portos do Sul e do Sudeste e encurta o tempo de deslocamento até mercados da Europa e da Ásia. Outro fator apontado é a eficiência econômica do transporte fluvial, que pode apresentar custos até 50% inferiores aos do transporte exclusivamente rodoviário em grandes distâncias.

O secretário nacional de Hidrovias e Navegação, Otto Burlier, destacou a importância da previsibilidade para a manutenção desse volume de operações. “Para que as hidrovias sejam capazes de movimentar milhões de toneladas, como têm feito, precisamos de previsibilidade nos rios. Por isso, estamos focados em garantir a manutenção contínua da navegabilidade através de contratos de longo prazo, saindo da lógica emergencial. Nosso trabalho é assegurar que essa engrenagem multimodal funcione o ano todo, garantindo segurança para o escoamento da safra e sustentabilidade para a matriz de transportes”, afirmou.

Segundo a Secretaria Nacional de Hidrovias, a atuação do governo federal está concentrada em três eixos: manutenção da navegabilidade, ampliação da infraestrutura e modernização da frota utilizada no transporte fluvial.

Investimentos e manutenção

No campo da manutenção, ações pontuais vêm sendo substituídas por contratos plurianuais voltados à dragagem e à sinalização dos principais corredores hidroviários. Nos rios Amazonas e Solimões, por exemplo, novos contratos somam mais de R$ 370 milhões, com vigência de cinco anos, segundo dados do Ministério de Portos e Aeroportos.

Paralelamente, o Fundo da Marinha Mercante tem sido utilizado para apoiar a renovação da frota empregada no Arco Norte. Estão em andamento projetos para a construção de centenas de barcaças e dezenas de empurradores, parte deles em estaleiros localizados no estado do Amazonas. De acordo com o governo, essas iniciativas têm impacto direto na capacidade de transporte e na indústria naval regional, além de apoiar a operação contínua dos corredores fluviais.

Site Benews – 16/12/2025


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