2022-06-10
Exportações de grãos devem crescer no embalo da safra recorde

Mesmo com quebra das lavouras de soja no ciclo 2021/2022, commodity que tende à queda nas vendas externas, outros produtos agrícolas vão compensar, principalmente o milho.

No embalo da previsão recorde da safra de grãos, que deve girar em torno de 271,3 milhões de toneladas no ciclo 2021/2022, as exportações de cinco – algodão, arroz, feijão, milho e trigo – dentre as seis principais commodities agrícolas tendem a acompanhar esse desempenho. Isso porque a soja, importante produto da agricultura brasileira no comércio exterior, pode sofrer queda nas vendas externas.

De acordo com Sergio Roberto Santos, superintendente substituto de estudos de mercado e gestão da oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a perspectiva de incremento total é de 11,13 milhões de toneladas na comparação com igual período anterior, chegando ao montante de 122,28 milhões de toneladas de grãos exportados.

“Com uma estimativa de significativa expansão do volume exportado de 16,18 milhões de toneladas, o milho será o principal responsável para o resultado de crescimento das vendas externas, mesmo diante da queda das exportações de soja”, destacou Santos, à Portos e Navios. De acordo com o superintendente da Conab, “o aumento da safra 2021/2022 e a menor disponibilidade de milho no mercado internacional, influenciada pelas tensões no leste europeu, são os principais fatores que devem ocasionar tal dinâmica”.

Menos soja para exportar

Esse movimento ascendente das exportações de grãos tende a acontecer, apesar da conjuntura do setor da soja, “que teve uma quebra da safra 2021/2022 em mais de 13,89 milhões de toneladas, resultando em menor disponibilidade do grão para exportação”. Diante do cenário, a estimativa da estatal é de um volume exportado da oleaginosa de 75,23 milhões de toneladas – 10,88 milhões de toneladas a menos, em relação ao período anterior.

“Em contrapartida, ainda no complexo da soja, identificamos uma majoração das exportações de óleo e farelo de soja, motivadas pela valorização das cotações internacionais desses derivados. No entanto, cabe pontuarmos que o volume comercializado de tais produtos – de 1,8 milhão de toneladas para o óleo e de 18,68 milhões de toneladas – é reduzido, na comparação com o total exportado pelo setor da soja”, analisou Santos.

Condições climáticas

Os prejuízos das lavouras de soja, em algumas regiões produtoras do grão, foram provocados, principalmente, pela estiagem no Sul do Brasil. Um levantamento da Safras & Mercados, divulgado no mês passado, indicou que novos cortes nas produtividades médias esperadas para a oleaginosa, especialmente no Rio Grande do Sul (e, também, no Mato Grosso do Sul – no Centro-Oeste), foram ocasionados por questões climáticas como a baixa umidade registrada ao longo do desenvolvimento da cultura em campo.

Conforme o relatório da S&M, a comercialização da soja brasileira no ciclo 2021/2022 envolvia 61% da produção projetada, de acordo com dados colhidos até 6 de maio. No relatório anterior (com números de 11 de abril), era de 56,6%. No mesmo período do ano passado, a negociação da soja foi de 71,4%, sendo de 65% a média dos últimos cinco anos. Considerando uma safra estimada em 122,3 milhões de toneladas, o total do grão já negociado (até o início de maio) era de 75,22 milhões de toneladas.

O mesmo levantamento apontou que as vendas antecipadas da safra de soja 2022/2023 – ciclo agrícola que começa em julho – avançaram, levando em conta uma produção estimada. Para o potencial inicial da atual temporada de 144,7 milhões de toneladas, sem incluir a quebra decorrente da estiagem, a S&M prevê uma comercialização antecipada de 12%, podendo chegar a 17,36 milhões de toneladas. Em igual período do ano passado, a comercialização antecipada era de 17% com média de 18,8%. Em 11 de abril, o número era de 9,8%.

*Com informações da Safras & Mercado

Site Portos e Navios – 10/06/2022


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