2022-10-31
Comitê da IMO discutirá em dezembro revisão da estratégia de emissões

Representante da delegação brasileira na IMO relata que existe pressão de países para que embarcações de apoio marítimo passem a ser abarcadas pelas regras

O Comitê de Proteção do Meio Ambiente Marinho da Organização Marítima Internacional (MEPC/IMO) se reunirá, em dezembro, para discutir a revisão da estratégia de redução de emissões do transporte marítimo para 2023. Os países-membros do conselho vão analisar dados relacionados às estimativas de emissões da frota global e se a estratégia anual está sendo alcançada ou precisa ser atualizada quanto aos níveis de ambição, medidas de mitigação e ações necessárias. O auditor da IMO e engenheiro naval que atua na Diretoria de Portos e Costas (DPC) junto às classificadoras, comandante Fernando Benites, explicou que as ações de curto prazo estão parcialmente concluídas devido às medidas adotadas para projetos de navios novos.

As regras atuais preveem que os navios construídos a partir de 2013 tenham um plano de gestão de eficiência energética. Na prática, ao final de 2022, os navios existentes entrarão no arranjo de eficiência energética, com a gestão do consumo de combustível marítimo. Benites ressaltou que, num primeiro momento, a IMO pensou que combustíveis alternativos precisavam de um tempo para amadurecer tecnologias para empregar na indústria naval “Novos combustíveis têm muitos desafios a serem alcançados: logística, segurança e sustentabilidade econômica das empresas”, elencou, na última quinta-feira (27), durante painel do 29º Congresso Internacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore promovido pela Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena), no Rio de Janeiro (RJ).

No médio prazo, existem propostas de taxação de combustíveis. A avaliação inicial, segundo Benites, é que as ideias não são eficientes em relação aos novos combustíveis. Também estão na pauta, o mercado de carbono, a criação de um fundo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e o padrão para emissão dos combustíveis. No longo prazo, haverá discussão sobre o desenvolvimento de novos combustíveis e requisitos de segurança para uso dos novos combustíveis a bordo.

Ele contou que a delegação do Brasil na IMO tem manifestado preocupação sobre o impacto à frota mercante brasileira já que o país exporta commodities e que a maior parte do mercado consumidor está longe. Benites disse que parte da frota mercante brasileira corresponde a navios não enquadrados ao programa da IMO, mas que existe pressão grande para que embarcações de apoio marítimo sejam abrangidas por essas regras.

A questão das embarcações de apoio offshore será trabalhada no MEPC. Benites contou que o Brasil vem fazendo pressão para que todo o ciclo do combustível seja considerado nos cálculos. Ele explicou que existem estudos para novos coeficientes para cálculo do carbono por milha navegada, já que essas embarcações, que em grande parte da operação precisam ficar em posicionamento dinâmico (DP), saindo da curva do método de cálculo de carbono por via navegada adotado. “Tudo isso é pensado para o Brasil marcar posição e permitir que as medidas necessárias sejam feitas racionalmente que não prejudiquem a frota brasileira e o transporte marítimo que opera no Brasil”, afirmou.

Site: Portos e Navios – 31/10/2022


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