Navios verdes garantem R$ 40 mi em descontos nas tarifas no Porto de Santos
Desde 2023, desconto tarifário é ofertado a navios e terminais que adotam práticas sustentáveis
Os navios e terminais verdes que adotam práticas sustentáveis nas operações do Porto de Santos (SP), conseguiram garantir descontos tarifários que chegam a R$ 40,6 milhões, desde 2023, quando a medida começou a ser adotada, segundo a Autoridade Portuária de Santos (APS). Somente em 2025, a cifra chega a R$ 16,8 milhões.
A APS explicou que tem buscado investir em um conjunto de iniciativas que materializam as metas de descarbonização estabelecidas pela Organização Marítima Internacional (IMO) e pelo Acordo de Paris. A intenção é conseguir posicionar o Porto de Santos como um hub de logística sustentável.
“São receitas que a APS abre mão de arrecadar para incentivar terminais a produzirem o inventário completo de suas emissões de gases de efeito estufa, além do detalhamento da matriz energética. Navios verdes que atendem a normas internacionais de emissões de carbono e níveis de ruído também são beneficiados”, pontuou a gestão.
Anderson Pomini, presidente do porto, disse que “para a APS, não é perda de receita. É investimento”. Ele citou que assumir a dianteira nesse processo não significa apenas adequação a exigências globais, “mas a consolidação de uma vantagem competitiva essencial para continuar atraindo parceiros globais que priorizam cadeias logísticas sustentáveis”.
Medidas
O setor marítimo responde por 80% do comércio mundial e 3% das emissões globais de GEE, segundo dados da IMO, tornando a transformação dos portos crítica para o cumprimento das metas do Acordo de Paris. Para viabilizar a descarbonização, os portos devem atuar em três alavancas: eficiência logística, biocombustíveis e fornecimento de energia elétrica renovável.
Em outubro, a APS firmou contrato com a Fundação Valenciaport para a elaboração de um Plano de Descarbonização e de um Plano Diretor Energético (PDE) para o Porto de Santos. O contrato prevê a entrega dos estudos no prazo de 22 meses.
O Plano de Descarbonização tem como objetivo traçar diretrizes e metas para descarbonizar as operações de todo o complexo portuário da Baixada Santista – o que inclui as atividades tanto da APS como dos terminais portuários, dos navios que operam no Porto e dos modais de transporte ferroviário e rodoviário.
Por sua vez, o PDE vai traçar diretrizes e ações para que o Porto de Santos possa transicionar da energia oriunda de combustíveis fósseis, altamente emissora de CO2, para fontes de energia cada vez mais limpas.
Medidas
Desde 2024, o Porto de Santos também desenvolve um projeto de eletrificação do cais. A energia limpa e renovável gerada pela Usina Hidrelétrica de Itatinga abastece os cerca de 20 rebocadores que operam no local. Negociações em andamento visam ampliar o fornecimento.
O VTMIS (Sistema de Gerenciamento de Informações do Tráfego de Embarcações) – em implantação – será outro marco, otimizando o fluxo de embarcações.
Para o diretor de Operações da APS, Beto Mendes, é dever do maior Porto do hemisfério sul apostar em inteligência e tecnologia para unir eficiência e sustentabilidade. “Iniciativas como a parceria com o PIT, uma referência internacional em inovação, preparam o Porto de Santos para o futuro e alinham as operações portuárias às melhores práticas globais”, pontua.
Por fim, a repotencialização da Usina de Itatinga, em fase de estudos, pretende elevar a capacidade de geração, incluindo a produção de hidrogênio verde. A planta, que hoje já atende a quase a totalidade da demanda energética da APS, poderá abastecer diretamente parcela significativa das operações portuárias.
Paralelamente, as instalações de Gás Natural da Baixada Santista consolidam-se como diferencial estratégico na transição energética, permitindo o abastecimento de navios com combustível de baixo carbono.
Sidnei Aranha, superintendente de Meio Ambiente da APS, explica que o conjunto de iniciativas pretende “Consolidar corredores marítimos verdes. Quando os pontos de chegada e partida de uma embarcação asseguram o fornecimento de combustível considerado de baixo impacto.”
Site Benews – 12/11/2025
