Caem exportações do Brasil para China, mas balança comercial segue com superávit
Lockdowns em território chinês fizeram com que vendas externas para lá sofressem uma queda de 11,9%, em maio. Commodity mais afetada foi o minério de ferro, com redução de 7,76%
As exportações brasileiras chegaram à marca de US$ 29,6 bilhões em maio, apesar de terem registrado uma queda significativa de quase 12% em suas vendas externas para a China. Outros destinos foram responsáveis por essa compensação: África, com aumento de 89,8%, Oriente Médio (63%), União Europeia (47,7%), Mercosul (25,5%) e Estados Unidos (7,9%). Nas importações, foram observados aumentos de produtos vindos do Oriente Médio (100,3%), África (52,4%), EUA (68,5%), Mercosul (28%) e China (14,5%).
O desempenho das exportações no mês passado impulsionou o superávit da balança comercial do país, que inclui as importações (US$ 24,7 bilhões, no mesmo período), resultando em um saldo positivo de US$ 4,9 bilhões e corrente de comércio de US$ 54,4 bilhões. De janeiro a maio de 2022, as vendas externas totalizaram US$ 131,1 bilhões e as importações somaram US$ 106 bilhões – um saldo positivo de US$ 25,1 bilhões e corrente de comércio de US$ 237,1 bilhões.
Os dados da balança comercial foram divulgados na segunda-feira (13), pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) vinculada ao Ministério da Economia, que também publicou uma prévia positiva para o início de junho: até a segunda semana do atual mês, comparada a junho de 2021, as exportações cresceram 15,4% e somaram US$ 12,42 bilhões.
“O que temos observado, tanto no mês quanto no acumulado do ano, é uma preponderância do efeito do crescimento de preço na receita de exportação e na despesa com importação”, destacou Herlon Brandão, subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior da Secex, durante entrevista coletiva. “Esse efeito levou, em maio, a recordes de valor exportado e de valor importado, e, consequentemente, da corrente de comércio”, acrescentou.
Minério de ferro em queda
O que despertou a atenção de especialistas foi a queda das exportações para a China – de 11,9% em maio –, até então atribuída a novos lockdowns daquele país, por causa da crise sanitária ainda decorrente da pandemia de Covid-19.
O Brasil registrou uma freada nas exportações da indústria extrativa, na prévia do Secex até a segunda semana de junho: minério de ferro e seus concentrados (-37,9%), minérios de cobre e seus concentrados (-19,3%) e minérios de níquel e seus concentrados (-100%).
Principais compradores de minérios do Brasil, os chineses reduziram suas importações em 31% no 1º trimestre de 2022, na comparação com igual período do ano passado; e de 29% em relação ao 4º trimestre (de janeiro a abril), de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
“A queda na produção mineral brasileira também foi observada, principalmente, devido às fortes chuvas em Minas Gerais (no mês de janeiro) e diversas manutenções em unidades operacionais pelo país. Por isso, depois de apresentar números crescentes em seu desempenho nos últimos meses, a indústria de mineração do Brasil passou por um período de baixa, nos resultados no 1º trimestre de 2022, comprovando a natureza cíclica dessa atividade”, informou o diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Ibram, Julio Cesar Nery Ferreira, à Portos e Navios.
Produção interna foi menor
De acordo com o diretor, além da queda produtiva em Minas Gerais ocasionada pelo clima, outros cenários que mais contribuíram para os resultados inferiores da indústria mineral, de fato, envolveram “as medidas de isolamento decretadas pela China, em reação à pandemia de Covid-19 em diversas cidades”.
“Ainda tivemos um desempenho abaixo do esperado em grandes unidades de produção no Norte do país, manutenções em unidade produtivas, redução da demanda por minérios pelo governo chinês, como medida de controle de preços, além da queda na produção de aço de várias siderúrgicas chinesas, em resposta às medidas de controle de qualidade do ar, durante as Olimpíadas de Inverno realizadas em fevereiro”, enumerou Ferreira.
Em relação à continuidade para 2022, ele acredita que o comportamento do mercado de mineração ainda pode “apresentar muita instabilidade, com variação frequente nas cotações do principal produto, que é o minério de ferro”. “É preciso esperar para ter uma melhor análise, mas como foi dito, em nossa entrevista coletiva do primeiro trimestre, não são esperadas grandes variações em relação ao exportado no ano passado, devendo acontecer a manutenção do quantitativo exportado”.
Site: Portos e Navios – 20/06/2022
