2022-06-14
Marinha assina contrato para construção do navio polar

NApAnt será construído pelo estaleiro Jurong Aracruz, controlado pelo grupo SembCorp, de Cingapura, vencedor da concorrência concluída em 2021.

A Marinha do Brasil assinou, na tarde desta segunda-feira (13), o contrato para a construção do navio de apoio Antártico. O NApAnt será construído no Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), no Espírito Santo, cujo grupo controlador (SembCorp Marine, de Cingapura) venceu a concorrência concluída pela força naval em 2021. O contrato foi firmado entre a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron) e a Polar 1 Construção Naval SPE Ltda. – Sociedade de Propósito Específico (SPE) constituída pelo estaleiro construtor e pela SembCorp Marine Specialised Shipbuilding (SMSS). A cerimônia foi realizada no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ).

A força naval informou que a Emgepron foi capitalizada em aproximadamente R$ 740 milhões para a obtenção do NApAnt. O investimento abrange a compra de equipamentos e sistemas científicos, planos de gestão do ciclo de vida e apoio logístico ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar). O escopo de engenharia, aquisição e construção será conduzido pelo EJA, com a transferência de conhecimento e experiência da SMSS na construção de embarcação semelhante, em Cingapura.

A previsão é que o Proantar receba a embarcação até 2025. O navio para apoio às operações na Antártica terá 93,9 metros de comprimento, 18,5 metros de largura, calado de seis metros e autonomia para 70 dias. Com propulsão diesel-elétrica, o navio terá uma tripulação de 95 pessoas, incluindo 26 pesquisadores. A Marinha estima a geração de 500 a 600 empregos diretos e 6 mil indiretos durante a construção, estimulando a indústria naval brasileira e a base tecnológica nacional.

A Marinha destacou que seu navio polar será capaz de operar no verão e outono no continente Antártico, com capacidade de navegar tanto na formação de gelo mais recente, quanto nas placas mais antigas, que possuem maior resistência. Para garantir a capacidade para navegar em campos de gelo, a embarcação terá casco em formato específico e reforçado, principalmente na proa, o que permitirá abrir caminho e quebrar as placas de gelo, utilizando o próprio peso do navio e, por vezes, o turbilhonamento provocado por seus propulsores.

A Marinha destacou que o NApAnt desenvolverá as mesmas missões que o navio de apoio oceanográfico Ary Rongel, que será substituído por ele, mas com capacidades aprimoradas em função da experiência no Proantar e dos requisitos de apoio à nova Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). O navio ajudará em pesquisas científicas na região, mantendo o status do Brasil como membro consultivo do Tratado da Antártica. “Como membro signatário do Tratado, o país passou a ter direito a voto e participação nos fóruns de decisão sobre os destinos do continente austral, assumindo compromissos internacionais em regime de cooperação afetos à preservação da liberdade de exploração científica naquela região”, explicou o diretor-geral de material da Marinha, almirante de esquadra José Augusto Vieira da Cunha de Menezes.

Conteúdo local

Também nesta segunda-feira, a Emgepron celebrou com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um acordo de cooperação técnica (ACT). Conforme noticiado pela Portos e Navios na última semana, o banco de fomento fará a análise e certificação do conteúdo local dos equipamentos que serão utilizados na construção do NApAnt, a exemplo do que foi firmado para o projeto das fragatas classe Tamandaré. O BNDES participou da fase de seleção do NApAnt, verificando o índice mínimo de conteúdo nacional exigido (47,68%).

Até 2025, o acompanhamento para comprovação do conteúdo local das máquinas, componentes e insumos utilizados será feito por meio do portal CFI (Credenciamento Finame) do sistema BNDES, conforme critérios e requisitos específicos elaborados em conjunto pelo banco e a empresa. O BNDES acredita que o acordo, com duração de quatro anos, permitirá a troca de conhecimentos sobre a metodologia de aferição de conteúdo local, além da obtenção de expertise adicional no setor naval, que poderá ser utilizada para futuros credenciamentos no CFI. O BNDES prevê ainda a possibilidade de fomento à cadeia de fornecedores envolvida, financiando a compra de máquinas e equipamentos a fim de melhor atender às demandas do projeto. Segundo o banco, a iniciativa poderá servir de piloto para futuras apurações de conteúdo local em grandes projetos.

O diretor-presidente da Emgepron, Edesio Teixeira Lima Junior, disse que a parceria com o BNDES fará com que a indústria naval brasileira ingresse num grupo restrito de países capazes de construir navios com capacidade de operar nas gélidas regiões polares. O diretor de operações do BNDES, Ricardo de Barros, acrescentou que esse acordo estimulará a inovação e agregação de valor aos bens de capital produzidos pelas empresas nacionais do setor naval, contribuindo para o aumento da competitividade dessa indústria.

Site Portos e Navios – 14/06/2022

 


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