2022-04-18
Conexão ferroviária é maior desafio do Porto do Açu

Diretor de logística acredita que expansão ferroviária até o Açu possibilitaria captação imediata de cargas para o porto, especialmente grãos produzidos no noroeste mineiro.

O diretor de terminais e logística do Porto do Açu, João Braz, disse que o principal desafio do complexo portuário e industrial é a conexão ferroviária. A avaliação é que o porto, localizado em São João da Barra (RJ), precisará de integração com esse modal para continuar a ampliar a movimentação de diversas cargas, como minérios, combustíveis, cargas de projeto e mercadorias transportadas por cabotagem. Braz destacou que o porto já tem conexão eficiente com o mineroduto que permite movimentação de 25 milhões de toneladas de minério exportados pelo porto e já está consolidado com transbordo do petróleo cru, com 30% de todo o petróleo nacional exportado via Açu.

“Não podemos continuar crescendo no transporte ferroviário sem ter uma solução definitiva para a ferrovia chegar ao Porto do Açu”, disse Braz, esta semana, durante o evento Sudeste Export. Ele acredita que uma eventual expansão ferroviária até o Açu possibilitaria a captação imediata de cargas para o porto, especialmente grãos produzidos no noroeste mineiro. Braz citou um estudo da Fundação Dom Cabral (FDC) que aponta uma demanda que já serviria para equilibrar todo setor portuário da região Sudeste.

Ele observa navios que esperam até 30 dias para atracar em outros portos durante momentos de pico. Segundo o diretor, esses fatores prejudicam a competitividade dos produtos brasileiros e aumentam o Custo Brasil. Braz disse que o Açu avançou nos últimos anos e passou a ser visto como um porto capaz de atrair carga de ferrovias. Ele lembra que, há alguns anos, os planos logísticos consideravam somente o Porto de Tubarão (ES) como melhor local para exportar qualquer carga que chegasse pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) ou pela Ferrovia Vitória-Minas (FVM).

Recentemente, o Açu solicitou uma autorização para construção de 41 quilômetros de ferrovia, com R$ 610 milhões de investimentos estimados. O objetivo é garantir a conexão de Anchieta (ES) ao Açu. “O Porto do Açu não tem interesse nenhum em operar ferrovia. Faríamos por necessidade para conseguir atrair a ferrovia que chegaria até Ubu. A ferrovia chegando em Anchieta até São João da Barra (RJ) precisaria desse trecho construído”, analisou Braz.

O diretor acrescentou que, apesar da autorização ser um instrumento importante, o porto terá oportunidade única com as renovações antecipadas, considerando que o governo abriu a possibilidade de renovações das ferrovias da MRS e FCA. “Temos diálogo aberto com operadores ferroviários, Ministério da Infraestrutura, governos estaduais (MG, ES e RJ) para tentar explicar e viabilizar essa ferrovia conectando à malha ferroviária nacional um porto que já está pronto, 100% operacional, com 90 km de área a ser desenvolvido e fora de centros urbanos”, frisou.

O diretor considera que esse é um projeto de interesse nacional, cuja falta prejudica a competitividade do agronegócio e de outras mercadorias. Braz ressaltou que, por mais que se melhore a condição ferroviária dos portos existentes, há uma limitação física devido à densidade populacional nos arredores dos portos do Sudeste. “Por mais que se invista em ferrovias em Santos, Vitória e no Rio de Janeiro, não vamos conseguir atingir um grau de eficiência necessária para um porto que fica longe dos principais centros urbanos do país.

Site: Portos e Navios – 18/04/2022


Voltar