Dinâmica do novo modelo será desafio para futuro gestor em Vitória, diz Castiglioni
Presidente da Codesa apontou necessidade de identificação de parceiros com apetite para fazer investimentos em superestrutura e para especializar berços e terminais.
O diretor-presidente da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), Julio Castiglioni, disse, nesta terça-feira (12), que o desafio de gestão do futuro concessionário do Porto de Vitória (ES) será entender a nova dinâmica e a racionalidade do novo modelo sem perder o timing e sem ser precipitado em fazer acordos. Castiglioni ressaltou que há garantia de fluxo de caixa nos primeiros anos de concessão e que o novo concessionário vai ter que respeitar contratos de arrendamento atualmente em vigor para garantir esses recursos.
Para os novos contratos haverá a figura do explorador de instalação portuária, em vez do arrendatário, que firmará contrato diretamente com a concessionária. A principal alteração nessa relação, segundo Castiglioni, serão os termos firmados entre esses dois novos atores, de natureza privada, sem licitações prévias e com mais liberdade negocial. Ele ponderou que ainda haverá alguns limites regulatórios que poderão ser fiscalizados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), como no caso de indícios de abuso de poder econômico.
"O futuro do porto de Capuaba depende da identificação de parceiros no mercado, de exploradores de instalação portuária com apetite para fazer investimento em superestrutura e para especializar os berços e os terminais que pretendam, entre aspas, arrendar [áreas]", afirmou Castiglioni, durante o segundo dia do Sudeste Export, em Vitória.
Na ocasião, ele comparou que, enquanto o Porto de Santos (SP) existe muita disputa pelos poucos metros quadrados disponíveis para explorar atualmente, metade da área sob a gestão da Codesa — somando os portos organizados — está ociosa porque não existe capacidade de dar resposta na velocidade do fluxo de comércio. Ele citou a área Vix-30, leiloada em 2019, e que até hoje não foi mobilizada.
Castiglioni apontou o risco de fuga de cargas sem a dinâmica e o fôlego para concorrer com portos como Tubarão, Portocel e Porto do Açu. Ele projetou que a estimativa de R$ 855 milhões em investimentos obrigatórios associados à concessão vão trazer principalmente para Capuaba um ‘canteiro de obras’, que demandará que a concessionária entenda qual vocação e o que o porto de Capuaba está precisando. “Vitória hoje é um porto que carece de melhorias, mas comparativamente aos portos que visitamos, ele está longe de ser o pior”, comentou.
Site: Portos e Navios – 13/04/2022
