2022-04-01
Novo concessionário não está impedido de ter parceiros estratégicos, diz Piloni

Secretário nacional de portos afirmou que composição atual do vencedor do leilão da Codesa não significa que fundo de investimentos não terá parceiros após assinar concessão.

O secretário nacional de portos e transportes aquaviários, Diogo Piloni, avaliou que a ausência de outro parceiro na composição acionária do futuro concessionário da autoridade portuária do Espírito Santo, num primeiro momento, não significa que não possam existir parceiros estratégicos para o desenvolvimento do porto. O fundo de investimentos Fip Shelf 119 Multiestratégia, gerido pela Quadra Capital, venceu o leilão de transferência de controle acionário da autoridade portuária e assumirá a administração dos portos de Vitória e Barra do Riacho, atualmente administrados pela Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa).

“O fato dele [líder do consórcio vencedor] não ter na composição acionária, nesse momento, um parceiro estratégico, não significa que ele não poderá ter parceiros estratégicos após a assinatura do contrato. Me arriscaria a dizer que esses parceiros já existem. Essas discussões ocorrem antes da apresentação da proposta. É importante diferenciar (…)”, comentou Piloni, durante coletiva de imprensa após o leilão, realizado na última quarta-feira (30), na B3, em São Paulo.

O diretor de concessões e privatizações do BNDES, Fábio Abrahão, disse que a experiência mostra que deixar o próprio mercado se ajustar, trazendo expertise externa via participação acionária e com a contratação de profissionais é a modelagem mais eficiente. Ele acredita que esse modelo mais flexível, por meio da abertura de mercado, aumenta o potencial de competição. "Após o leilão, se deixa em aberto qual o melhor mecanismo para trazer esse expertise. É um processo saudável, natural e que deu certo em outros mercados que foram abertos. Estamos confiantes que dará muito certo no setor portuário", analisou Abrahão. Ele acrescentou que o país passou por esse tipo de discussão de forma ‘acalorada’ nas áreas de saneamento e em ativos ambientais.

O diretor-presidente da Codesa, Júlio Castiglioni, considera que a liberdade que a concessionária terá com essa abertura de mercado é um aspecto relevante para o modelo da Codesa, o que deve ocorrer também na desestatização do Porto de Santos (SP). Ele afirmou que, de partida, já existe a garantia de fluxo de caixa porque a concessionária tem que honrar contratos de arrendamentos atuais. “Naturalmente, os arrendatários que hoje já estão no Porto de Vitória serão parceiros imprescindíveis e inafastáveis dessa concessionária. Esse arranjo vai se dar de maneira natural, dinâmica e a configuração final será melhor do que a que temos hoje”, comentou.

O ministro da infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse que a flexibilidade para a administração portuária permitirá um ambiente onde será mais fácil arrendar, desmembrar, condensar e trocar de áreas. Segundo Freitas, a administração passará a ser mais dinâmica, potencializando o aproveitamento das áreas de Vila Velha, Vitória e Barra do Riacho. Ele acrescentou que os investimentos estarão muito focados no acesso do canal portuário. “Barra do Riacho é uma área vocacionada para minérios, celulose, líquidos e dar essa flexibilidade para essa governança vai ser fundamental para a companhia. O fundo estará apto a ter uma excelente gestão”, afirmou.

Freitas afirmou que a privatização da Codesa servirá de inspiração de modelo para as próximas que virão: São Sebastião (SP), Itajaí (SC), Santos (SP) e Companhia Docas da Bahia (Codeba), esta última com estudos para desestatização perto de serem iniciados. "Em breve todo setor portuário passará para as mãos da iniciativa privada de tenho certeza de quem ganha com isso é o Brasil", projetou.

Site: Portos e Navios – 01/04/2022


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