2021-12-10
Tecnologia ajudará na análise e gestão inteligente de assoreamentos em Santos

Ferramenta desenvolvida por startup israelense utiliza dados coletados por rebocadores para monitorar, em tempo real, profundidade do canal de navegação do complexo portuário santista. Objetivo é que solução seja ampliada para outros portos brasileiros.

O Porto de Santos (SP) experimentará um sistema capaz de entender o padrão e o comportamento de assoreamento dos portos e de prever como suas mudanças afetam as condições de navegação. Os envolvidos destacam que a nova tecnologia desenvolvida pela startup israelense DockTech, possibilita um planejamento mais preciso da dragagem e evita gastos desnecessários com batimetrias, além de dar mais segurança para a navegação no canal. A Santos Port Authority (SPA) firmou acordo de cooperação técnica com a Wilson Sons, que tem participação na startup e acordo de exclusividade comercial nos portos brasileiros com a empresa.

O acordo formaliza parceria que visa o estudo e colaboração entre as três empresas para aperfeiçoamento de solução de monitoramento em tempo real da profundidade operacional do canal de navegação e acesso aos berços de atracação do Porto de Santos. A ferramenta mapeia em tempo real a profundidade do canal de navegação e é capaz de entender o padrão de assoreamento dos portos, prevendo como as variações no leito afetam a segurança da navegação e o transporte de cargas.

A solução utiliza dados coletados por rebocadores da Wilson Sons para monitorar a profundidade do canal de navegação do Porto de Santos. A tecnologia de gêmeos digitais da startup utiliza dados batimétricos coletados pelos rebocadores para criar uma representação virtual dinâmica do leito marítimo do porto. A análise dos dados com algoritmos baseados em inteligência artificial possibilita identificar a ocorrência de assoreamento e antecipa as necessidades de dragagem.

O termo, anunciado nesta quinta-feira (9), foi estabelecido depois que a SPA, em setembro, criou um comitê de inovação e editou a norma que estabelece diretrizes de parcerias para o desenvolvimento de inovações tecnológicas no complexo portuário de Santos. As regras fazem parte da agenda de inovação iniciada em 2019, com a digitalização de serviços e desburocratização de normas visando avançar no modelo de Porto 4.0.

A Wilson Sons tem participação minoritária na DockTech e acordo de exclusividade comercial com a empresa para implementação em portos brasileiros. O investimento faz parte da estratégia da companhia de fomentar a inovação e o desenvolvimento da infraestrutura portuária e marítima. A partir dos primeiros testes realizados no Porto de Santos, o acordo de cooperação técnica prevê a ampliação da parceria.

O diretor-executivo da divisão de rebocadores da Wilson Sons, Márcio Castro, explicou que o sistema identifica polígonos de sedimentação e aponta ao usuário onde há assoreamento na região. Castro frisou entre os benefícios a possibilidade de antecipar cenários e entender como as condições meteoceanográficas afetam o assoreamento do canal. A autoridade portuária vai cooperar na análise técnica e aperfeiçoamento da ferramenta, sugerindo adequações que atendam às necessidades da SPA, além de propor novas aplicabilidades e possíveis ganhos viabilizados pelo uso da solução. “O porto com uma solução desse tipo implantada, tem avaliação melhor, o que traz diferença no fluxo de caixa. Manter o calado sem redução gera receita maior e redução de custos”, disse Castro.

O diretor de operações da SPA, Marcelo Ribeiro, destacou que a nova tecnologia possibilitará à SPA aprimorar seu planejamento e investir de forma mais assertiva e eficiente na manutenção da profundidade do canal de navegação do porto. Ele disse que a ferramenta é importante para uniformizar a profundidade nos quatro trechos do canal, que tem 25 quilômetros. “Com a maior assertividade na taxa de assoreamento, acreditamos que poderemos trazer números novos que farão diferença na campanha de dragagem”, afirmou à Portos e Navios. Ribeiro acrescentou que a novidade é positiva para a relação porto-cidade, visto que estabelece um envolvimento maior com as universidades, que podem preparar os graduandos para ocupar os novos postos de trabalho gerados pelos terminais.

Para a DockTech, a infraestrutura portuária mundial ainda não possui instrumentos capazes de monitorar em tempo real a profundidade dos canais de navegação e acesso aos berços de atracação. “A solução possibilita fazer essa medição de forma dinâmica e evitar restrições de calado operacional, aumentar a segurança da navegação e prevenir o desperdício de recursos com dragagem”, disse o CEO da DockTech, Uri Yoselevich.

De acordo com a SPA, as campanhas para levantamentos hidrográficos, categoria A, ordem especial, que são utilizados para monitoramento das profundidades do canal de acesso do Porto de Santos e para acompanhamento e medição dos serviços de dragagem, custam em torno de R$ 2 milhões por ano.

Site Portos e Navios – 09/12/2021


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