2021-11-24
‘Adaptação a mudanças climáticas é inevitável e melhor que reagir depois’, diz conselheira alemã

Friederike Sabiel, representante do conselho de sustentabilidade da Embaixada da Alemanha, destacou que alguns portos brasileiros já implementam algumas medidas de adaptação, muitas das quais sem grandes impactos orçamentários.

A representante do conselho de sustentabilidade da Embaixada da Alemanha, Friederike Sabiel, afirmou, na última segunda-feira (22), que a mudança do clima já está acontecendo, reforçando a necessidade de ações conjuntas de diferentes setores para reduzir os gases de efeito estufa e manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5º celsius. A conselheira acrescentou que se preparar e se adaptar ao aumento dos efeitos climáticos é inevitável, sendo melhor do que reagir depois, quando o nível do mar estiver maior ou as tempestades se tornarem mais fortes. Friederike lembrou que a adaptação foi tema da conferência Cop-26 sobre mudanças climáticas que ocorreu na Escócia, no começo de novembro.

Na ocasião, os países concordaram que a cooperação é importante e que os recursos para adaptações devem ser dobrados até 2025. "Isso reflete o sentido de urgência no mundo a respeito das medidas de adaptação e resiliência", destacou durante o lançamento do estudo ‘Impactos e Riscos da Mudança do Clima nos Portos Públicos Costeiros Brasileiros’, parceria da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. Ela destacou que alguns portos brasileiros já implementam algumas medidas de adaptação, muitas das quais sem grandes impactos orçamentários.

O gerente de desenvolvimento e estudos (GDE) da Antaq, José Gonçalves Moreira Neto, acrescentou que, do portfólio de 55 medidas adaptativas elencadas no estudo, algumas iniciativas não dependem de recursos orçamentários, por se tratarem de medidas de gestão. “Temos que analisar caso a caso e inserir esse projeto e achados desse estudo na política pública. Eventualmente, há necessidade de aporte financeiro e esse modelo tem que ser pensado", explicou.

Neto disse ainda que a maioria dos portos não é impactada diretamente em sua infraestrutura pelos efeitos climáticos, porém na paralisação nas operações portuárias. “Tudo tem que ser customizado e levantar o que cada porto tem que fazer. Esses portos [Santos, Rio Grande e Aratu] podem virar cases de adaptação no Brasil, pois são portos relevantes para a logística. A concepção será melhor embasada depois da concepção do eixo 2", acredita.

O superintendente de desempenho, desenvolvimento e sustentabilidade (SDS) da Antaq, José Renato Ribas Fialho, disse que os estudos não abordam o financiamento dessas adaptações, por se tratar de uma questão de política pública que será apresentada às autoridades portuárias e tratada pelo governo, com a colaboração dos dados das duas etapas dessa pesquisa. A próxima fase do estudo prevê o aprofundamento das avaliações com os portos de Santos (SP), Aratu (BA) e Rio Grande (RS).

“O resultado dos dois eixos será apresentado para autoridades portuárias e o Ministério da Infraestrutura para se formular políticas públicas, para que eventual financiamento público ou privado ocorra. O Ministério da Economia está trabalhando em quantificar custos dessas adaptações para o setor portuário. Enxergamos como etapa seguinte em que esse estudo servirá de subsídio para isso”, ponderou.

O subsecretário de planejamento da infraestrutura do Ministério da Economia, Fabiano Pompermayer, disse que a pasta também tem uma iniciativa junto à GIZ para avaliar como quantificar os custos e benefícios econômicos de tornar infraestruturas em geral mais resilientes a mudanças climáticas. Ele ressaltou que o ministério olha com uma visão mais abrangente para o setor, desde transportes até energia e telecomunicações.

Pompermayer acrescentou que a iniciativa na área portuária é relevante e servirá de case para outros setores. “Um dos nossos objetivos é, ao conseguir quantificar quanto tem em risco de perda de transporte e atividade econômica associados a mudanças climáticas nos portos, conseguir discutir quanto vale a pena investir em infraestruturas mais resilientes", projetou.

Site: portos e Navios – 24/11/2021


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