Marinha projeta criação de novo portfólio de informações e serviços
Conceito de e-Navigation envolve equipamentos, meios de comunicação e aumento do tráfego de dados. Integração entre sistemas portuários e de navegação vem sendo discutida na Conaportos.
O diretor-geral de navegação da Marinha, almirante de esquadra Wladmilson Borges de Aguiar, destacou que as ideias originadas da estratégia de implementação do e-Navigation, aprovada este ano pela autoridade marítima, visam uma infraestrutura confiável, segura, rápida e interoperável, fomentando a produção de cartas náuticas eletrônicas, digitalização e publicação de documentos náuticos. Ele considera que o e-Navigation será importante para o desenvolvimento da Economia do Mar, do Poder marítimo e contribuirá para a redução do Custo Brasil.
Ele mencionou que o e-Navigation também vai ajudar a orientar ações para implementação do VTS (sistema de tráfego de embarcações) e integração de informações marítimas disponíveis em águas jurisdicionais brasileiras (AJB), inclusive em proveito do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (Sisgaaz). Os aspectos passíveis de aprimoramento para tornar o país mais competitivo e a navegação mais segura, porém, passam por melhorias da sinalização náutica e serviços VTMIS, VTS e LPS, até a proteção contra ataques cibernéticos.
Borges explicou que o e-Navigation é um conceito que será adotado no Brasil em sua plenitude, para os meios navais enquadrados na Convenção Solas e para os não enquadrados. Para as embarcações fora da Solas, está previsto lançamento em breve de dois aplicativos ‘Marina sem Papel' e 'Navegue Seguro', de iniciativa da Diretoria de Portos e Costas (DPC), que se destinam a apresentar informações a navegadores amadores, reduzindo incidentes, acidentes e fatos que ocorram em águas jurisdicionais brasileiras, como naufrágios, derramamento de óleo e outros acidentes com potenciais danos ambientais.
"Em um país com ricas características marítimas e fluviais como Brasil, o conceito de e-Navigation trará olhar para diversas oportunidades que virão proveniente do uso de equipamentos, meios de comunicação e aumento do tráfego de dados, gerando verdadeiro portfólio de informações e serviços", apontou Borges, nesta quarta-feira (20), evento e-Navigation — Seminário de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizado de forma híbrida, com parte presencial no Ciaga, no Rio de Janeiro.
Na ocasião, o diretor de portos e costas, vice-almirante Alexandre Cursino de Oliveira, disse que o Brasil precisa de iniciativas convergentes das autoridades marítima e portuária para se inserir de maneira competitiva no comércio marítimo mundial. Ele contou que a integração entre sistemas portuários e de navegação vem sendo discutida na Comissão Nacional das Autoridades nos Portos (Conaportos). Cursino destacou que existem investimentos da autoridade portuária e estruturação de port community systems em vários portos que são importantes para integração aos novos conceitos de navegação.
A tecnologia embarcada permite aos oficiais de serviço monitoramento de informações e tomada de decisão rápida em casos de emergência. Cursino ressaltou que a relação entre humano e tecnologia é cada vez mais presente e se repete na estrutura portuária, através de sistemas como VTMIS, VTS e LPS, que vão contribuir para o monitoramento mais eficiente. “Temos que raciocinar na eficiência do transporte marítimo como um todo”, afirmou.
Órgãos como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Receita Federal e Polícia Federal, assim como a praticagem, também deverão estar preparados para a implantação do e-Navigation, pois receberão uma série de informações necessárias para seus serviços. Com serviços de apoio marítimo do e-Navigation implementados, por exemplo, é possível reduzir significativamente o trabalho administrativo e ter uma percepção situacional compartilhada entre navios e autoridades marítimas portuárias.
A autoridade marítima estabeleceu 18 objetivos e 26 ações estratégicas para aprimoramento da segurança da navegação, de forma a minimizar erros e falhas por meio de informações confiáveis. Entre os objetivos, destaque para a necessidade de atualizar profissionais aquaviários, além do emprego de informações para eficiência das atividades da comunidade marítima e também fornecer dados para sistema de gerenciamento. A DPC está voltada para a formação e adequação de currículos para entendimento dos requisitos voltados para oficiais, que atuarão como supervisores especializados de operações para condução do navio com segurança.
A Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) atua principalmente nas adequações de cartas náuticas ao novo padrão (S100). Cursino acrescentou que os simuladores se aproximam do contexto que os navios e a navegação têm hoje. O diretor de portos e costas projetou que o conceito trará para a simulação algumas oportunidades. Os sensores de bordo, por exemplo, poderão prover visualização harmônica de informações, a partir de equipamentos de navegação eletrônica mais modernos, além de análise inteligente de dados.
Site: Portos e Navios – 21/10/2021
