2021-10-20
Investimentos de países em infraestrutura reforçam necessidade de melhorias para região Norte

Empresários paraenses acreditam que produção de grãos, no Centro-Oeste e no Norte, crescerá muito nessa e nas próximas décadas, demandando que estrutura e instalações brasileiras para exportação não percam competitividade.

Empresários paraenses avaliam que o desenvolvimento da infraestrutura do estado será fundamental para manter a expansão dos portos locais e para que o país acompanhe a tendência de investimentos que as grandes economias mundiais estão prometendo para o período pós-pandemia. O presidente da Associação Comercial do Pará (ACP) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), Clóvis Armando Lemos Carneiro, acredita que os aportes bilionários anunciados para infraestrutura anunciados pelo governo norte-americana reforçam a oportunidade para o Brasil recriar um plano de industrialização e mostram a necessidade do país investir em sua logística para não perder competitividade.

O ‘Plano Biden’ prevê investimentos de US$ 300 bilhões para a indústria de transformação e US$ 621 bilhões na infraestrutura de transportes, visando crescimento do desempenho do comércio exterior americano. Carneiro salientou que, nesse aspecto, o principal concorrente brasileiro no mercado agrícola internacional (EUA), que já dispõe de excelente infraestrutura, vai aplicar bilhões de dólares em infraestrutura de transportes. Para Carneiro, não se pode esperar mais grandes aberturas no comércio exterior.

Segundo o empresário, o dever de casa do Brasil será investir em infraestrutura, o que abre caminho para expansão dos portos da região Norte. No Pará, existe expectativa de que a Ferrogrão se viabilize nos próximos anos, retirando média de 1.500 caminhões por dia que trafegam pela BR-163 e que chega a 3.000 veículos no auge da safra da soja.

Carneiro estima que Santarém seja das cidades portuárias paraenses a que tenha a melhor relação porto-cidade. Com a expansão do porto prevista no plano diretor urbano de Santarém e o projeto municipal de criação de um anel viário unindo BR-163 e a PA-370, a expectativa do setor empresarial é de facilitação do acesso ao porto de cargas vindas do Mato Grosso e da região da Transamazônica.

O vice-presidente da Fiepa disse que o Porto de Vila do Conde ainda tem problemas de acesso pela PA-481, principalmente na estação das chuvas. Os empresários locais defendem a construção de um ramal de Açailândia na interseção da Estrada de Ferro Carajás (EFC) com a ferrovia Norte-Sul até Barcarena. E um segundo ramal da região sudeste do Pará, ou até a EFC ou até a ferrovia Norte-Sul. “Enquanto isso não acontece, há necessidade de definirmos um programa plurianual de manutenção de acesso ao porto — ou criando um convênio plurianual entre governo federal, estado ou prefeitura para manutenção da rodovia PA-481, ou federalizando o trecho mais próximo ao porto”, projetou Carneiro durante o 40º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), promovido pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Ele considera que a relação mais complicada porto-cidade atualmente se dá em Belém, onde o porto está localizado parte no centro histórico da cidade e parte em seu entorno. Além disso, existem galpões do porto que são tombados. Carneiro contou que o principal problema do Porto de Belém é a expansão do pátio de contêineres para atender indústrias instaladas na região metropolitana. Ele explicou que as indústrias locais hoje estão trazendo as cargas marítimas até Pecém (CE), levando 23 horas de caminhão até Belém, num trecho de 1.500 quilômetros.

A associação comercial do Pará e Fiepa entendem que o Porto de Outeiro deve ser destinado a granéis agrícolas. O objetivo é que o porto movimente, pelo menos, 10 milhões de toneladas por ano. Carneiro disse que existe expectativa de que a licitação seja feita em três modos, porém existem ameaças a essa exploração consensual por parte dos empresários paraenses. Ele lembrou que já houve proposta para instalação de terminal de combustíveis e para uso da marinha de guerra, por exemplo.

A expectativa dos empresários é que o mercado internacional de grãos terá crescimento vigoroso pelo crescimento vegetivo da população mundial e pela melhora da renda, especialmente da população asiática. E que os rios da Amazônia oferecem condição logística privilegiada. "Nós empresários paraenses entendemos que a produção de grãos, tanto no Centro-Oeste, quanto no Norte — principalmente Pará — crescerá muito nessa e nas próximas décadas", projetou Carneiro.

Site Portos e Navios – 20/10/2021


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