2021-10-08
Malha ferroviária do Porto de Santos receberá investimento de R$ 1,8 bilhão em obras de expansão

Expectativa é aumentar a capacidade de 50 milhões para 115 milhões de toneladas de cargas

Há uma expectativa de que o Porto de Santos terá um aumento de mais de 115 milhões de toneladas de cargas, mais 49% até 2040. Para dar conta desta demanda a estimativa é que sejam necessários R$ 1,8 bilhão em obras de expansão da Ferrovia Interna do Porto de Santos (FIPS). As melhorias incluem novos ramais para a ferrovia na margem direita de Santos, um novo retropátio ferroviário para a margem esquerda, além da eliminação dos cruzamentos em nível e construção de passarelas de pedestres no porto organizado.

Espera-se que o modal passe a atender 77% deste acréscimo. Hoje, o sistema ferroviário do complexo santista já está perto da saturação, possui capacidade aproximadamente 50 milhões de toneladas por ano e movimentou, em 2020, 48,8 milhões de toneladas. Um consórcio formado pelas empresas Rumo, MRS e VLI será responsável por administrar a FIPS.

Segundo Fábio Lavor, diretor de Novas Outorgas de Políticas Regulatórias Portuárias da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA), o governo tem atuado para atrair uma série de parceiros privados para as concessões ferroviárias. “O novo sistema é aberto a novos pleitos. Não só para as operadoras que já atuam na região, mas vamos permitir o ingresso de novos players neste processo, que deve estar concluído até o fim de agosto de 2022. O que nos interessa é ter um melhor modelo lá na frente para garantirmos que a sociedade vai estar bem representada”, afirma.

O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery Machado Filho, no entanto, mostra-se preocupado com a chamada ferradura ferroviária da MRS. “De nada valerão estes investimentos se não houver plena integração com o sistema operacional da ferradura ferroviária. Esse é um trecho estratégico, tanto para o setor ferroviário quanto para o portuário, por ser o caminho para a maior parte das cargas para importação e exportação. Estes desafios de integração precisam estar discriminados, detalhados no modelo de contratação”, ressalta.

O presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Conceição da Silva, concorda com Nery. A entidade, que tem 71 associados e mais de 230 terminais espalhados por todo o Brasil, acredita que precisa haver uma gestão conjunta dos modais presentes no porto. “O sistema portuário é vital para o comércio internacional brasileiro, mais de 95% das exportações são feitas dessa forma e 100% do agronegócio sai pelo sistema portuário. O porto é uma troca de modais, então precisamos tratar com bastante agilidade a questão das chegadas e saídas das cargas nos portos e o sistema ferroviário é parte importantíssima desse processo. Por isso, precisamos ter uma visão holística de toda essa questão”, destaca o presidente.

Ele afirma ainda que a ABTP é totalmente favorável à prorrogação antecipada do contrato da MRS, empresa que há 25 anos administra o modal no porto santista. “O governo deve procurar levar adiante, mas precisamos olhar com cautela a parte referente à ferradura. É importante que a Antaq, a ABTP, a Secretaria de Transportes Terrestres e a Secretaria de Transportes Aquaviários estejam bastante afinadas nesse processo, porque disso depende o Porto de Santos. Nossos associados têm feito investimentos com a expectativa de que essa carga vai chegar, e para essa carga chegar, a ferrovia é essencial”, conclui.

Site: Portos e Navios – 08/10/2021


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