Capacidade estática não foi afetada durante pandemia, avalia Centronave
Entidade, que representa transportadores de longo curso, aponta que demanda no comércio exterior elevada pode gerar sensação de falta de contêineres. De janeiro a julho, associação identifica no comex brasileiro altas de 6% nas exportações e de 30% nas importações, na comparação com mesmo período de 2020.
O Centro Nacional de Navegação Transatlântico (Centronave) avalia que o estoque estático de capacidade do transporte de contêineres não foi alterado durante os quase dois anos de pandemia. A entidade, que representa transportadores de longo curso que operam no Brasil, afirma que não foram retirados navios ou serviços nesse período, a ponto de reduzir a quantidade de equipamentos. O diretor-executivo do Centronave, Cláudio Loureiro, defende que sejam atacados os problemas burocráticos que tornam a circulação mais lenta. Um dos principais problemas logísticos atuais, segundo o Centronave, foi causado pela demanda acima do normal nas economias desenvolvidas, principalmente Estados Unidos e China.
A rota Transpacífico, entre a China e a costa oeste norte-americana, foi a mais afetada, com queda de 4 para 2,5 ciclos completos. Loureiro explicou que o efeito é como se reduzisse a capacidade do sistema, gerando em alguns mercados a percepção de falta de equipamentos. Ele observa que portos como Los Angeles e Long Beach apresentam um histórico de congestionamentos sem precedentes, enquanto há portos chineses que ficaram fechados por questões sanitárias, causando uma fila enorme de navios ao largo esperando para atracar. O executivo destacou que a mudança do padrão de consumo e a grande demanda gerada pelo e-commerce pelo mundo geraram problemas em toda a cadeia logística, não somente no transporte marítimo, como também nos modais terrestres.
Loureiro ressaltou que, apesar dos gargalos e desafios, houve alta de 6,1% nas exportações brasileiras de contêineres entre janeiro e julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2020, totalizando 1,658 milhão de TEUs. Em comparação com igual período de 2019, a alta foi de 9,8%. Na importação, o volume alcançado foi de 1,591 milhão TEUs, 30,8% de aumento sobre os sete primeiros meses de 2020 e 15,9% de alta sobre igual período de 2019.
“Esses dados contradizem a percepção de falta de [contêineres] porque, se faltassem, não se conseguiria acrescentar capacidade. As condições de venda e demanda no comércio exterior estão tão elevadas que se gera sensação de falta porque é uma quantidade acima do normal e acima de períodos anteriores”, analisou Loureiro em entrevista à Portos e Navios. O executivo disse que, com essa demanda exacerbada global, não há como a cadeia logística resistir sem ser impactada.
O Centronave considera que o ritmo da vacinação no mundo contribui com retorno gradativo de algumas atividades que estavam suspensas, mas que ainda é cedo para avaliar quais serão os perfis de consumo nos próximos anos a partir do controle da pandemia. “É uma incógnita o que acontecerá no Natal. A expectativa é que diminua um pouco. Existe perspectiva de termos uma noção mais precisa no segundo trimestre de 2022, depois do ano novo chinês, que ocorre em março. Esperamos a pandemia cedendo, mas não sabemos em que patamar isso vai estacionar”, comentou Loureiro.
Site: Portos e Navios – 01/10/2021
