2025-12-02
Especialistas discutem desafios e caminhos para ampliar investimentos em infraestrutura

Painel no Fórum Nacional de PPPs 2025 mostrou que o país entra em um novo ciclo de funding, com mercado mais competitivo 

O futuro do financiamento da infraestrutura foi o tema central do último painel do Fórum Nacional de PPPs 2025, realizado em Brasília pelo PPI, Banco do Brasil e ApexBrasil. O debate reuniu representantes do governo e do mercado para avaliar riscos, cenários e a evolução dos instrumentos de captação — especialmente as debêntures incentivadas, hoje fundamentais para destravar projetos no país.

Participaram do encontro integrantes do Tesouro Nacional, BNDES, Anbima, Abdib, Banco do Brasil e Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Um dos pontos mais sensíveis foi o impacto das debêntures sobre a curva de juros e o custo final dos financiamentos.

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, chamou atenção para o efeito concorrencial entre emissões públicas e privadas. “Nos últimos meses houve mais emissões privadas do que públicas, gerando concorrência e abrindo a curva de juros… Seria melhor colocar um subsídio direto para reduzir o custo de capital… Ficaria mais barato para o tomador e para o Tesouro Nacional.”

A avaliação foi rebatida pela Abdib, que ressaltou que o instrumento foi decisivo para elevar o nível de investimentos em infraestrutura a 2,2% do PIB, considerado um patamar mais adequado para enfrentar o déficit histórico do setor.

O debate também destacou a mudança estrutural no mercado. Segundo o superintendente de Infraestrutura do BNDES, Felipe Borim, o país passou por uma inflexão que ampliou o papel do mercado de capitais nas grandes obras. “Há dez anos, infraestrutura era praticamente 100% dependente do BNDES… Essa evolução foi muito saudável. Hoje, os grandes projetos são financiados via debêntures, trazendo o mercado de capitais para compartilhar o risco.”

Entre as barreiras ainda presentes, especialistas apontaram a baixa participação de investidores institucionais, a necessidade de capacitação de estados e municípios e a ampliação dos mecanismos de garantia.

O Banco do Brasil projetou R$ 20 bilhões em operações garantidas pela União em 2025 e destacou novas estruturas de apoio a governos locais. Já o Ministério da Integração reforçou iniciativas como a plataforma PPPFlix e o FDIRS, voltado ao desenvolvimento de projetos regionais e preparação de carteiras.

Apesar dos desafios, governo e mercado convergem em um diagnóstico: o Brasil vive um novo ciclo de financiamento da infraestrutura mais diversificado, competitivo e com instrumentos capazes de sustentar a expansão das concessões e PPPs nos próximos anos.

Site Benews – 02/12/2025


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