2025-11-26
Brasil precisa investir R$ 44 bi até 2030 para modernizar o setor de energia

Dados são de um estudo do Ministério de Minas e Energia, citado pelo deputado federal Lula da Fonte durante o Fórum Minas 

O Brasil necessita de R$ 44 bilhões até 2030 para modernizar o setor de energia, conforme estudo do Ministério de Minas e Energia citado pelo deputado federal Lula da Fonte (PP/PE) durante o painel “Demanda global, sustentabilidade e a geopolítica da segurança energética”, realizado nesta terça-feira (25), no Fórum Brasil Export Minas e Energia do Grupo Brasil Export.

O investimento busca equilibrar a modernização da infraestrutura com a preservação ambiental em um cenário de crescimento acelerado do consumo. A demanda global de energia elétrica cresce cerca de 10% nos próximos três anos, conforme pesquisa da Agência Internacional de Energia apresentada pela moderadora Núria Bianco, diretora de Inteligência do Grupo.

A adoção de novos equipamentos responde por 44% desse aumento no consumo, novos data centers por 39% e o uso da inteligência artificial por 38%. Segundo ela, esse cenário pressiona os países a expandir sua capacidade de produção energética em ritmo acelerado.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, o deputado aproveitou para alertar que 4% da energia gerada em todo o mundo já serve à inteligência artificial e aos data centers, e essa proporção tende a crescer até 2030. Diante dessa pressão, o parlamentar defendeu que o Brasil não pode atrasar sua modernização, mas precisa salvaguardar o meio ambiente no processo de expansão.

Luiz Carlos Ciocchi, diretor executivo do WEC Brasil, alertou que a lei dos circuitos elétricos impõe um limite físico incontornável: a geração ocorre apenas no momento exato do consumo.

Por essa razão, o país enfrenta o desafio do curtailment (corte de geração) quando a capacidade instalada supera a demanda. A solução, segundo o executivo, passa por aumentar a carga elétrica com indústrias eletrointensivas, como alumínio e data centers, em vez de desperdiçar energia renovável já disponível.

“Quando você corta, perde energia. Quando aumenta a carga, traz desenvolvimento para o país”, afirmou Ciocchi.

LEGISLAÇÃO

O desafio da modernização ocorre em um país com matriz energética que conta com mais de 45% de participação de fontes renováveis e lidera mundialmente o uso de biocombustível em larga escala. Essa vocação renovável, segundo os debatedores, precisa de marco regulatório atualizado para alcançar todo seu potencial.

O deputado federal Coronel Assis (União/MT) defendeu que a segurança jurídica no setor energético passa pela atuação da Frente Parlamentar de Minas e Energia. O parlamentar citou o caso do Mato Grosso, hoje o maior produtor de milho no Brasil, onde usinas de etanol de milho em instalação produzirão mais de 40 mil empregos diretos. “O interesse dos setores impacta diretamente na produção de emprego, no modal logístico e no desenvolvimento regional”, afirmou o deputado, que representa o estado.

Lula da Fonte apontou que a legislação impede consumidores comuns de vender o excedente gerado de energia solar e eólica. Pernambuco gera 45% da energia anual suficiente através dessas fontes, segundo a Agência de Energia do estado (ANEL), mas perde parte dessa energia por falta de mecanismos de comercialização. O Congresso Nacional tramita projetos para permitir que micro e pequenos consumidores vendam o excedente gerado, o que destravaria a oferta energética no país. O mesmo estado inaugura em 2026 usina de gás verde em Garaçu, município na região metropolitana.

PORTOS

A expansão da demanda energética ocorre em paralelo a uma transição nos combustíveis utilizados globalmente. Glória Sousa, ESG Project Lead da Bunker Holding Group, explicou que a segurança energética envolve três pilares: fornecimento contínuo, preço acessível e estabilidade. Esses princípios aplicam-se também à indústria de combustíveis marítimos, responsável por transportar mais de 90% dos bens comercializados internacionalmente.

A executiva destacou que o Brasil avança na diversificação de modais de abastecimento para navios. A norma de 2004 instituiu a figura do provedor de banco e permitiu operações com navio tanque fora de áreas abrigadas, o que atraiu embarcações que antes não buscavam combustível no país. “A indústria precisa de players qualificados para trazer essa demanda e justificar investimentos a médio e longo prazo”, afirmou Sousa.

Marcos Cid de Araújo, diretor da OSX Brasil, observou que os portos funcionam como engrenagem nesse sistema de transição energética. Navios já circulam ou entram em construção com motores preparados para combustíveis diversos, e novas rotas globais se delineiam a partir dessa mudança.

O executivo alertou que a diretriz mundial indica que o etanol brasileiro migra para SAF (combustível de avião), com valor agregado maior do que o uso em veículos terrestres. “A gente precisa trazer essa energia para o país inteiro, reforçar as linhas de transmissão. Onde trouxemos energia, disponibilizamos crescimento econômico”, afirmou Araújo.

Site Benews – 26/11/2025


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