Petrobras investe R$ 2,6 bilhões em navios e fertilizantes na Bahia
Construção de seis embarcações offshore e retomada da Fafen prometem gerar mais de 6 mil empregos e fortalecer a economia local
A Petrobras anunciou a construção de seis embarcações de apoio marítimo offshore e a retomada das atividades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) da Bahia, em um pacote de investimentos de R$ 2,6 bilhões que simboliza a reativação da indústria naval e do setor de fertilizantes no estado. As iniciativas foram detalhadas na quinta-feira (9), em cerimônia no Estaleiro Enseada, em Maragogipe, no Recôncavo Baiano, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, do governador Jerônimo Rodrigues e de ministros de Estado.
As seis embarcações, do tipo ORSV (Oil Spill Response Vessel), serão construídas no Estaleiro Enseada pela empresa CMM Offshore Brasil, e posteriormente afretadas para a Petrobras. Os navios são especializados em atividades de controle de vazamentos em alto-mar e representam um investimento de R$ 2,58 bilhões, com previsão de quatro anos de construção e 12 anos de operação para cada contrato. A estimativa é de 5,4 mil empregos diretos e indiretos e o uso mínimo de 40% de conteúdo local na fabricação dos equipamentos.
As novas embarcações serão dotadas de sistemas de propulsão híbrida, combinando motores elétricos e baterias com geradores movidos a diesel e biodiesel, além da possibilidade de conversão futura para etanol ou metanol. A tecnologia permitirá reduzir em até 25% as emissões de dióxido de carbono (CO₂).
Magda Chambriard ressaltou que o contrato com o Estaleiro Enseada faz parte de um movimento mais amplo de reindustrialização no setor naval. “Há cerca de dez anos o setor naval na Bahia foi deixado de lado, causando perda de empregos e queda de arrecadação para o estado. Estamos retomando investimentos que não deveriam ter sido abandonados e assim viabilizando projetos importantes para a Petrobras, com impacto direto na geração de empregos, desenvolvimento industrial e fortalecimento da cadeia produtiva local”, afirmou.
A presidente da Petrobras destacou ainda que a companhia já avançou na contratação de 44 das 48 embarcações planejadas para construção no Brasil, em diferentes estaleiros. “Só para lembrar vocês, nós ficamos oito anos sem que a Petrobras fizesse uma única demanda à indústria naval brasileira. O que nós estamos retomando, portanto, não tem preço”, disse. No total, a estatal está investindo na fabricação de 22 novas embarcações de apoio offshore, sendo 12 do tipo PSV (Platform Supply Vessel) e 10 do tipo ORSV, das quais seis serão produzidas na Bahia.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou o impacto social dos projetos em curso. “Aqui, no Estaleiro Enseada, renascem quase 7 mil empregos diretos de qualidade. Salários dignos para melhorar a vida das famílias. Mais de 90% dos postos de trabalho estão sendo ocupados por gente daqui, do Recôncavo Baiano. Mão de obra local, benefício local”, declarou.
O presidente Lula também fez referência à importância simbólica e econômica da retomada da indústria naval. “Estou aqui para recuperar a indústria naval brasileira, mas os caras que deixaram um estaleiro dessa magnitude parado deveriam ser presos por causarem prejuízos à população brasileira”, afirmou.
Fábricas de fertilizantes
Além da construção das embarcações, a Petrobras confirmou a retomada das operações das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) da Bahia e de Sergipe, com reinício das atividades previsto até o fim de 2025. As plantas vão produzir amônia, ureia perolada e ARLA-32, e o contrato de operação inclui também os Terminais Marítimos de Amônia e Ureia no Porto de Aratu, em Candeias.
Na Bahia, o investimento previsto para reativar a Fafen é de R$ 38 milhões, com geração de 750 empregos diretos. Os mesmos valores estão previstos para a unidade de Sergipe. Juntas, as duas fábricas e a Araucária Nitrogenados (ANSA), instalada no Paraná, responderão por 20% da produção nacional de fertilizantes consumidos pelo agronegócio. Segundo Magda Chambriard, uma nova fábrica em construção no Mato Grosso elevará esse percentual para 35% da demanda nacional.
Ainda no estado, a Petrobras e o governo da Bahia assinaram protocolo de intenções para utilização do canteiro de obras de São Roque do Paraguaçu em operações de acostamento e desmantelamento sustentável de plataformas de petróleo. A área poderá ser usada também para apoio à construção da Ponte Salvador-Itaparica. O canteiro, atualmente sem uso, conta com infraestrutura de cais para embarcações do tipo FPSO e semissubmersíveis, além de oficinas e alojamentos.
O protocolo prevê a utilização do espaço para acostamento temporário e descomissionamento parcial de plataformas, em alinhamento às demandas previstas até 2029, período em que diversas unidades da Petrobras deverão ser desativadas.
Site Benews – 13/10/2025