Mdic reforça políticas para ampliar participação feminina nas exportações
Durante encontro do Mercosul, secretária defende inclusão da pauta de gênero nos acordos comerciais e destaca avanços de programas voltados a mulheres exportadoras
A secretária em exercício de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Daniela Matos, defendeu o fortalecimento da participação feminina no comércio internacional e a incorporação da pauta de gênero nos acordos comerciais durante o 11º Encontro da Convergência Empresarial de Mulheres do Mercosul (CEMM), realizado na quarta-feira (8), em Brasília (DF).
Segundo Daniela, aumentar a presença de mulheres no comércio exterior é uma das prioridades da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Ela destacou que, desde 2023, o governo federal vem estruturando políticas e ações voltadas ao protagonismo feminino nas exportações, a partir de um diagnóstico inédito elaborado pela própria Secex.
O estudo, conduzido em 2023, revelou que apenas 14% das empresas exportadoras brasileiras têm liderança feminina em sua composição societária — um índice que, segundo a secretária, escancara a necessidade de políticas de estímulo e qualificação. Um novo levantamento, publicado em 2025, indicou melhora nos indicadores, mas também mostrou que os desafios persistem.
“Foi um diagnóstico importante que nos mostrou o tamanho do desafio. As mulheres ainda são minoria entre as exportadoras e, em muitos casos, enfrentam barreiras mais altas que os homens. A partir desse estudo, o MDIC passou a tratar o tema como prioridade — tanto na promoção de exportações, com programas como o Elas Exportam, quanto na incorporação da perspectiva de gênero nos acordos comerciais, como o Acordo Mercosul–União Europeia”, afirmou Daniela.
A secretária destacou ainda a inclusão de uma seção específica sobre comércio e empoderamento feminino no Acordo Mercosul–União Europeia, com foco em cooperação, troca de experiências e políticas voltadas à ampliação da presença das mulheres no comércio internacional.
“Esses dispositivos têm um papel importante na implementação do acordo, para garantir que os benefícios sejam bem aproveitados pelas empresas brasileiras, em especial as lideradas por mulheres. O comércio internacional precisa refletir a diversidade da nossa sociedade e gerar oportunidades mais justas e inclusivas. Além disso, a maior inclusão fortalece as empresas que participam do comércio internacional, tornando-as mais inovadoras e resilientes no longo prazo”, completou.
Caráter histórico
A coordenadora executiva da Convergência Empresarial de Mulheres do Mercosul, Laura Velásquez, também participou do encontro e reforçou o caráter histórico da inclusão do tema de gênero nas negociações entre o bloco sul-americano e a União Europeia.
“As mulheres empresárias fazem muito pela economia dos nossos países. É essencial que elas tenham um lugar de protagonismo também nos acordos comerciais. O novo capítulo sobre comércio e empoderamento feminino é um passo histórico. Ele prevê políticas para ampliar a participação das mulheres no comércio internacional e promover o intercâmbio de boas práticas entre o Mercosul e a União Europeia”, afirmou Laura.
O embaixador da Argentina no Brasil, Guillermo Daniel Raimondi, elogiou o avanço das negociações e ressaltou o momento de convergência entre os países. Segundo ele, o entendimento alcançado representa um marco para o Mercosul.
“Hoje estamos com as negociações concluídas e as disciplinas jurídicas compatibilizadas. Do lado do Mercosul, há total disposição em ver o acordo se tornar realidade. Esperamos que sua assinatura ocorra ainda durante a presidência brasileira do bloco, para que entre em vigor o quanto antes e gere oportunidades concretas para os nossos países”, concluiu Raimondi.
O primeiro painel do 11º Encontro CEMM, mediado pela diretora executiva da Convergência Empresarial de Mulheres do Brasil, Lilian Schiavo, teve como tema “Atualizações sobre o Acordo Mercosul–União Europeia”.
Promovido pela Convergência Empresarial de Mulheres Brasileiras (CEM Brasil), o evento reuniu lideranças femininas da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além de representantes de governos, instituições financeiras e entidades do setor produtivo, para debater políticas de gênero e integração econômica no Mercosul.
Site: Be News – 09/10/2025
