Para especialistas, Prates foi a melhor escolha para indústria naval
Sindicatos acreditam que estatal terá novos programas de estímulo à indústria e construção naval
Indicado por Lula para ser o novo presidente da Petrobras, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) é visto por conselheiros, sindicatos e pelo mercado como uma das melhores escolhas para o comando da estatal. Segundo especialistas ouvidos pela Portos e Navios, Prates conhece muito bem todo o setor, não só petroleiro, e não adota um discurso intervencionista, o que agrada o mercado.
Na avaliação de Sérgio Bacci, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), o senador mudará a orientação que a Petrobras tem hoje e fará com que ela se torne uma empresa que vai "efetivamente ajudar o país a crescer e gerar emprego".
"Nós temos as melhores expectativas possíveis. Acreditamos que ele irá dialogar com a gente, diferente do que aconteceu com os outros presidentes. Nós nunca fomos recebidos pela diretoria da Petrobras, ela se negava a conversar com a indústria naval brasileira", declarou o vice-presidente.
A Sinaval está aguardando a posse oficial de Prates para sugerir a retomada do Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo da Petrobras (Prorefam), onde os barcos de apoio eram construídos em estaleiros brasileiros com contratos de 8 anos, renováveis. Entre os anos de 2007 a 2016, mais de 600 embarcações foram concluídas em estaleiros pelo Brasil, segundo dados do sindicato. Além disso, Bacci defende a retomada da construção de navios da Transpetro.
"Hoje, a frota da Transpetro está reduzida e, por isso, é necessário retomarmos a construção de navios para que eles possam fazer a cabotagem e levar os produtos da Petrobras para o país como um todo", comentou.
O economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mauro Osório, vê de uma forma positiva a escolha de Prates, pois o senador tem uma visão estrategista de média a longo prazo e com a empresa integrada.
Segundo Osório, o atual governo estava com uma Petrobras focada em extrair petróleo cru e exportar e, para a próxima gestão, a ideia é ser unificada, buscando agregar valor do petróleo dentro do país. "O objetivo é voltar à veia histórica da empresa. Com isso, gerando mais emprego, renda e autonomia tecnológica", afirmou o professor.
Osório acredita que com Prates a estatal terá novos programas de estímulo à indústria e construção naval. Além de trabalhar mais nas agendas de descarbonização e de energias renováveis, como eólicas offshore. "As discussões que tenho visto, de pessoas próximas ao governo eleito, é que a Petrobras vai caminhar nessa direção, inclusive, de não ser somente uma empresa de petróleo mas ser de energia também", destacou.
Site Portos e Navios – 11/01/2023
