2022-10-11
Abastecimento do Norte é afetado após queda de duas pontes

ANTAQ emitiu autorização emergencial à empresa que já está apta a operar no transporte fluvial de passageiros e cargas no trecho do Rio Curuçá, no Amazonas

Em um curto espaço de tempo, de 11 dias, as quedas de duas pontes da rodovia BR-319, na região Norte do país, já estão afetando o transporte de mercadorias em Roraima e Amazonas e, consequentemente, o abastecimento de alimentos perecíveis. A estrada já estava interditada desde o dia 28 de setembro, quando a ponte sobre o Rio Curuçá desabou, no município de Careiro da Várzea, vitimando quatro pessoas, deixando 14 feridos e, pelo menos, um desaparecido. No sábado (8), a ponte Autaz Mirim também caiu.

A principal conexão Roraima-Amazonas por terra ocorre através da BR-174, que é ligada à BR-319 na região amazonense. Em comunicado à imprensa, a Polícia Rodoviária Federal (PRF/AM) relatou que as causas do desabamento seguem sob investigação e que já estão sendo analisadas medidas emergenciais para restabelecer o trânsito de veículos e a passagem de pedestres nas localidades afetadas.

A seca dos rios do Amazonas pode agravar ainda mais o problema, trazendo prejuízos à navegação aquaviária em alguns trechos e riscos de colisões que podem causar naufrágios, alertaram especialistas.

O governador do Amazonas, Wilson Lima – que decretou situação de emergência nesta segunda-feira (10) – disse, em uma rede social, que o desabamento afetou aproximadamente 104 mil pessoas nos municípios de Careiro Castanho, Manaquiri e Careiro da Várzea que ficam, respectivamente, a 86, 54 e 21 quilômetros da capital Manaus, trazendo riscos de desabastecimento e de falta de energia elétrica.

“Nosso objetivo é diminuir os impactos provocados pela interrupção do tráfego, que está comprometendo o transporte de pacientes, alguns produtos essenciais e insumos. A manutenção da BR-319 é atribuição do governo federal. O estado está presente, dando suporte ao povo da região”, disse o governador pela rede social, informando que já conversou com autoridades do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e com o ministro da Infraestrurtura, Marcelo Sampaio.

O presidente da Associação dos Amigos e Defensores da BR-319, André Marsílio informou que o desabastecimento de produtos da cesta básica, nos municípios atingidos, já é uma realidade. “Se isso não for resolvido o mais urgente possível, Manaus vai começar a ficar desabastecida, porque o Amazonas em geral não é autossuficiente em várias cadeias produtivas. Então, consumimos muitos produtos perecíveis da região Centro-Oeste, principalmente”, ressaltou ele à Portos e Navios, relatando que, para que os alimentos cheguem às famílias afetadas, foi improvisado (foto) “um porto” na Comunidade Laranjal.

Para ele é mais que urgente criar um porto na localidade de Bela Vista, que fica próxima a Laranjal, onde o transporte tem sido mais difícil por causa da descida. “A possibilidade de termos esse porto em Bela Vista depende de uma questão de ajuste do governo e do proprietário do local, para que possam se sentar e ajustar o projeto. E isso precisa ser ajustado com o Comitê de Crise do Estado”, comentou Marsílio, defendendo que o porto em Manaquiri seja deslocado para um local mais alto, propiciando menos gasto de tempo para o tráfego aquaviário.

Ações emergenciais

Em comunicado, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) informou a adoção de medidas para viabilizar a operação de balsas nas travessias dos pontos afetados da rodovia federal BR-319. “A Antaq emitiu autorização emergencial à empresa que já está apta a operar no transporte fluvial de passageiros e cargas no trecho do Rio Curuçá. A mesma empresa autorizada, emergencialmente, também já se prontificou a mobilizar balsas para, dentro de cinco dias, iniciar as operações no trecho interditado sobre o Rio Autaz Mirim, e com isso retomar a ligação da rodovia”.

A autarquia acrescentou que “as autorizações emergenciais terão duração até que as condições de tráfego da BR-319 sejam restabelecidas, tanto no trecho que cruza o Rio Curuçá como na passagem pelo Rio Autaz Mirim”.

Site: Portos e Navios – 11/10/2022


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