2022-10-10
Paranaguá terá mais espaço para armazenagem de fertilizantes no porto

Fortesolo ampliará em 45% sua infraestrutura no complexo paranense. Operadora portuária, especializada em descarga e armazenagem de fertilizantes, passará capacidade de 227 mil para 327 mil toneladas

Responsável pelo desembarque de 25% dos fertilizantes importados pelo Brasil, o Porto de Paranaguá (PR) vinha sofrendo, especialmente em 2022, com a falta de espaço para armazenagem desses insumos destinados à agricultura. Para reduzir o gargalo, a Fortesolo – operadora portuária especializada em descarga e armazenagem de fertilizantes no complexo portuário paranaense – ampliará sua infraestrutura em 45%, passando de 227 mil para 327 mil toneladas.

O presidente da Fortesolo, Marco Ghidini informou que a empresa fará investimentos em obras de infraestrutura, incluindo melhorias na alvenaria de seu armazém e nas paredes de contenção lateral, que são cruciais para dar ângulo ao produto e à otimização da ocupação do local. “Ao redor do armazém é necessário construir barreiras de contenção para a gestão de resíduos. Todo o perímetro deve estar coberto com rede de hidrantes, compatíveis com o volume de produto armazenado”, contou o executivo à Portos e Navios.

Ele lembrou que o tempo de permanência dos navios, trazendo fertilizantes de fora para o Porto de Paranaguá, em alguns momentos, já chegou a mais de 80 dias de espera, o que não era normal. “A ampliação da área de armazenagem da Fortesolo ajudará a tornarem mais ágeis as operações da companhia, melhorando a logística de descarga como um todo e oferecendo mais capacidade de estocagem em nosso terminal”.

Ghidini prevê que as obras devam ser iniciadas no final de outubro até o começo de novembro, com perspectiva de construção e entrega variando entre 12 e 18 meses. Ao longo desse período, serão disponibilizados os armazéns em três etapas. “As obras estão previstas para serem concluídas e entregues até dezembro do ano que vem. Acreditamos que, já no início de 2024, estaremos com a nova capacidade em operação, dependendo das condições climáticas, que têm forte influência na obra”, estimou o executivo.

Intermodalidade com rodovias e ferrovia

Após o aumento da capacidade de armazenagem de fertilizantes da Fortesolo no Porto de Paranaguá, devem ocorrer melhorias na intermodalidade rodovia-porto pela BR-277, ligando Paranaguá a Curitiba e conectando à BR-116 pelas rodovias PR-408, PR-411 e PR-410. “Como apoio ao transporte rodoviário, o Porto de Paranaguá possui um pátio de triagem público, com capacidade de estacionamento de até 1,4 mil caminhões”, citou.

O presidente da Fortesolo também mencionou o tráfego de cargas e descargas de produtos pelo sistema ferroviário, que é administrado e operado pela Concessionária ALL – América Latina Logística, formando o segmento sob trilhos do chamado “Corredor Paraná-Santa Catarina”, com aproximadamente 2,2 mil quilômetros de extensão.

Na logística marítima, Ghidini ressaltou que a barra de entrada ocorre pelo Canal da Galheta, definida nas Cartas Náuticas da Marinha do Brasil (números 1.821 e 1.822), com 150-200 metros de largura, 20 milhas de extensão e 13-15 metros de profundidade, além do leito em areia, que permite a navegação segura aos navios de grande porte. “A rodovia BR-277 com a Avenida Ayrton Senna é a condição de acesso ao nosso terminal Fortesolo”, resumiu.

Para que não percam seus potenciais produtivos, a Fortesolo destacou a importância de garantir que os fertilizantes sejam manuseados e armazenados de forma correta, mantendo suas propriedades originais. Nesse sentido, a empresa tem buscado certificações internacionais com foco em segurança, saúde, meio ambiente e compliance. E, há um ano, conquistou a certificação ISO 37001 – norma global de gestão de sistemas antissuborno – depois da realização de uma auditoria conduzida pela certificadora internacional RINA.

De acordo com a empresa, o selo reconhece suas ações voltadas à manutenção das relações transparentes entre todos os públicos: parceiros, clientes e colaboradores. “A implantação do sistema de gestão integrado resultou em melhorias nas áreas de saúde e segurança do trabalho, eficiência operacional e padronização dos processos, nas quais obtivemos todas as certificações necessárias”, afirmou Ghidini.

Segundo a Fortesolo, no processo de compras, por exemplo, os pedidos ocorrem após a aplicação e a análise de um formulário de “due diligencie”, termo que, traduzido para o português, significa devida diligência. “Na prática é uma garantia em oferecer equidade entre todos os fornecedores e transparência. O processo fica mais confiável para tomada de decisões”, explicou o executivo.

Agronegócio

Ao analisar o boom do consumo de fertilizantes importados destinados à agricultura, bem como de outras commodities agrícolas, incluindo as exportações de grãos que vêm batendo recordes atrás de recordes, Ghidini qualificou o cenário como surpreendente: “Com a volatilidade dos preços dos insumos, dos fretes e das commodities em geral, foi ampliada a necessidade do uso de armazéns em todo o Brasil, em especial nas cidades portuárias. Portanto, é um ano atípico”.

Para reforçar o bom momento do agronegócio, o presidente da Fortesolo citou projeções da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SPA/Mapa), indicando que a área plantada na safra de grãos, no ciclo de 2020/21, que foi de 68.693 hectares com a produção de 262.130 toneladas de grãos, deve crescer ainda mais.

“A projeção para a safra de 2030/21, por exemplo, é de 80.794 hectares plantados com a produção de 333.087 toneladas de grãos, o que deve corresponder a um crescimento de 17,6% e 27,1% respectivamente. Isso já acende o alerta para a necessidade de investirmos em infraestrutura dos nossos armazéns, que devem ser constantes, principalmente para minimizarmos os efeitos desse gargalo logístico, em função do crescimento previsto do agronegócio”, alertou Ghidini.

Site: Portos e Navios – 10/10/2022


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