Brasil caminha para ampliar fontes limpas de energia, aponta Abran
Para presidente da associação, empresas estão mais comprometidas com redução da pegada de carbono em suas operações, com tecnologias voltadas para aumento do fator de campos maduros de petróleo, aumento da eficiência das embarcações, plataformas e portos
O futuro sustentável da indústria da navegação marítima e do setor offshore depende de soluções que sejam escaláveis e economicamente viáveis, considerando que os navios operam conectando regiões distantes, transportando bens e disponibilizando serviços que beneficiam toda a sociedade. É o que afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Armadores Noruegueses (Abran), Felipe Meira, nesta terça-feira (27), durante o “5º Seminário Brasil e Noruega: A transformação verde e os reflexos regulatórios nos setores de energia, marítimo e portuário”, no Rio de Janeiro.
Na ocasião, Meira destacou as medidas brasileiras de incentivo ao transporte aquaviário e de modernização da infraestrutura do país, como a lei que instituiu o BR do Mar (14.301/2022), a reforma do setor portuário, a Lei do Gás (14.134/2021) e os recentes passos para o desenvolvimento do mercado das eólicas offshore. De acordo com o executivo, o momento é de desafios geopolíticos, sociais e econômicos globais. “Temos sido impactados, ao mesmo tempo, pelos terríveis efeitos da pandemia da Covid-19 e da guerra na Ucrânia, que têm gerado reflexões, além da importância da segurança energética e das prioridades emergenciais climáticas”.
O executivo ponderou que a transformação verde já é uma realidade, que “caminha de mãos dadas” com o desenvolvimento sustentável do mundo. “As empresas estão mais comprometidas com a adoção de novas tecnologias e soluções, que visam acelerar a redução da pegada de carbono em suas operações, com tecnologias voltadas para o aumento do fator de campos maduros de petróleo, aumento da eficiência das embarcações, plataformas e portos, que estão cada vez mais desenvolvidos e apresentando resultados bastante relevantes”, destacou Meira.
Ele ressaltou que, nesse cenário da sustentabilidade, o Brasil já possui uma matriz energética preponderantemente renovável e caminha para ampliar suas fontes limpas de energia com o incremento de parques eólicos e solares. “Ao mesmo tempo, o país é o principal polo offshore do mundo, com um atraente e diversificado mercado para toda a cadeia de óleo e gás. Além disso, as reformas estruturais legais regulatórias, implementadas no decorrer dos últimos anos, trouxeram maior competitividade, transparência e previsibilidade ao mercado nacional, que hoje conta com os maiores operadores de petróleo do mundo, empresas nacionais e novas entrantes que, com estruturas enxutas, revitalizam as dinâmicas dos negócios, que são considerados pouco atraentes para as grandes empresas”, avaliou Meira.
Em sua visão, os impactos da pandemia e a recente guerra na Ucrânia trouxeram grandes desafios ao Ocidente, no sentido de buscar alternativas urgentes para superar os efeitos causados pelas ameaças da falta de energia e de alimentos. “Economias avançadas e emergentes se encontram com índices inflacionários elevados e a ameaça da recessão é cada vez mais presente, segundo previsões de especialistas”, salientou Meira no evento, promovido pela Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (FGV Direito Rio), em parceria com o Real Consulado Geral da Noruega e a própria Abran.
O presidente da Abran considera Brasil e Noruega parceiros de longo tempo, com grande possibilidade de ampliar a cooperação em troca de experiências, estabelecendo e aprofundando parcerias para o desenvolvimento da transformação verde do setor, em sintonia com a agenda acordada na IMO (Organização Marítima Internacional, em português),
O cônsul da Noruega, Mai Tonheim, reforçou a parceria entre as duas nações: “Somos parceiros de longo prazo. Noruega e Brasil têm uma cooperação baseada em confiança e queremos o melhor para o desenvolvimento dos dois países. Queremos criar um futuro melhor para o nosso povo; queremos trocar experiências, tecnologias e resolver os desafios do futuro. Temos muitos desafios com a guerra na Ucrânia e com a segurança de energia. Com todos esses desafios, nossa cooperação é fundamental para achar soluções sustentáveis”.
O seminário promovido pela FGV Direito Rio, Abran e Real Consulado Geral da Noruega também contou com as presenças do secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura (Minfra), Marcos Povia: do diretor da FGV Direito Rio, professor Sergio Guerra; do diretor geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery; do diretor geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Almirante Rodolfo Saboia; da gerente executiva da Petrobras, Marina Quinderé Barbosa; e do embaixador da Noruega, Odd Magne Rudd.
Há quase uma semana em viagem ao Brasil, na companhia de representantes do Comitê de Indústria, Comércio e Agricultura composto por parlamentares da Noruega, Rudd tomou conhecimento sobre as ações do Sistema CNA/Senar em todo o país, voltadas para os produtores de alimentos, o panorama da agricultura e pecuária nacional, além dos dados das exportações e das perspectivas de intercâmbio comercial. Durante um encontro na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), realizado no dia 21 de setembro em Brasília (DF), o embaixador tratou da entrada em vigor dos acordos de livre comércio negociados entre Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), que é formada pela Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, além do Mercosul e União Europeia.
Site: Portos e Navios – 28/09/2022
