China dispara na importação de carne bovina do Brasil
Análise da Agrifatto Consultoria apontou que, em cinco anos, exportações da proteína para mercado chinês cresceram 493% considerando períodos de janeiro a julho. Atualmente, 23% da carne bovina importada pelo mundo saem do Brasil
Maior exportador de carne bovina do mundo, o Brasil deve responder por quase metade do crescimento projetado nas vendas dos principais exportadores globais, com embarques subindo 33,2%, podendo chegar a aproximadamente 3,7 milhões de toneladas, entre 2023 e 2031. A expansão das exportações brasileiras dessa proteína animal decorre do aumento da demanda externa, principalmente da China. É o que apontou o mais recente relatório “Livestock and Poultry: World Markets and Trade” do “United States Department of Agriculture” – USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Segundo o documento, o consumo de carne bovina nos países em desenvolvimento aumentou por volta de 12,6%, em relação aos 5% nas economias desenvolvidas. Brasil, China, EUA e União Europeia (UE), juntos, tendem a encerrar 2022 com 49% da fatia desse mercado mundial, bem perto de sua participação global de consumo, observada no ano passado.
Conforme avaliação da Agrifatto Consultoria, especialista em análise de mercado da agropecuária, as vendas externas de carne bovina para o gigante asiático cresceram 493% entre os meses de janeiro e julho deste ano, em comparação a igual período de 2017. “São 540,88 mil toneladas a mais. Em volume, os chineses foram os que mais aumentaram esse tipo de compra do Brasil. Em outros mercados, de acordo com dados mais recentes do USDA, houve uma redução de 9% (45 mil toneladas) na mesma base de comparação”, analisou Yago Travagini Ferreira, chefe da área de pecuária da Agrifatto, à Portos e Navios.
As exportações globais dessa proteína animal, segundo estimativa para este ano do departamento de agricultura norte-americano, devem crescer 1%, saltando para 11,9 milhões de toneladas, graças à expansão desse mercado no Brasil, Canadá e México. O Brasil segue à frente nesse setor, seguido pelos EUA, Índia e Austrália.
“A previsão é que o Brasil exporte mais parte de sua produção, na firme demanda da China, Egito e EUA. Embora a demanda global de importação continue forte, as pressões inflacionárias e os problemas logísticos persistentes têm moderado maiores expectativas de demanda, em meio a muitos países que levantam as restrições da Covid-19”, apontou o relatório norte-americano.
As projeções iniciais da USDA, para 2022, indicavam que a presença da peste suína africana (PSA) na China e em outros países continuasse a favorecer a forte volatilidade nos mercados internacionais da carne bovina. E isso vem se confirmando. “A liberação das exportações da nossa carne bovina para os chineses, a partir de 2015, mudou o jogo. Mas foi a PSA, em 2018/2019, que ocasionou esse boom. Mesmo que o rebanho suíno chinês tenha se recuperado em 2021-2022, nossa carne bovina parece ter ‘caído na graça’ do consumidor local, fazendo com que o país asiático continuasse a importar grandes volumes, tanto do Brasil como do restante do mundo”, disse Ferreira.
O chefe da área de pecuária da Agrifatto ainda citou mais números: “Em 2021, o Brasil exportou 2,32 milhões de toneladas, o que correspondeu a 20% das exportações globais; e produziu 9,5 milhões de toneladas, respondendo por 16% da produção mundial. Para este ano, projetamos um crescimento de 6% na produção de carne bovina, o que pode aumentar ainda mais nossa pauta de vendas externas”.
De acordo com o especialista, atualmente, apenas três frigoríficos do país continuam suspensos para vendas de carne bovina para a China, sem previsão de liberação. “No entanto, ainda há aproximadamente 33 plantas habilitadas e aptas para exportarem ao mercado chinês”, acrescentou.
Site: Portos e Navios – 05/09/2022
