2022-07-28
Mineração sofre queda em todos os setores no 1º semestre

Brasil exportou menos 24% e importou 200% a mais de minérios, em dólar. Produção em geral, faturamento e saldo comercial também caíram na comparação com igual período do ano passado.

O primeiro semestre de 2022 teve um gosto amargo para o setor de mineração – uma das mais importantes geradoras de divisas do Brasil –, que registrou queda em quase todos os setores, exceto importações (que geram custos e não receitas), na comparação com igual período do ano passado: produção (-9%), faturamento (-24%) e exportação (-24%). Os dados foram divulgados durante coletiva de imprensa do Ibram – Mineração do Brasil, nesta quarta-feira (27).

Já as importações de minerais – principalmente de carvão mineral, para uso siderúrgico; e potássio, que é usado pelas agroindústrias para a fabricação de determinados fertilizantes – saltaram 200% entre janeiro e junho deste ano, impulsionadas pelas compras antecipadas destinadas à agricultura, como efeito do receio do mercado de faltar insumos agrícolas, por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Os principais fornecedores de carvão mineral para o Brasil foram Austrália (32%), Estados Unidos (27,5%), Colômbia (18,1%), Rússia (17,5%), África do Sul (2,2%), Peru (0,8%), China (0,7%), Canadá (0,7%) e Cazaquistão (0,5%). De potássio foram Canadá (32,5%), Rússia (27,5%), Belarus (13,5%), Alemanha (8,8%), Israel (8,1%), Chile (3,7%), Espanha (2,2%), Reino Unido (1,5%) e Jordânia (1,2%).

Para o presidente do Ibram, Raul Jungmann, o que impressionou foi o valor das importações: US$ 9,4 bilhões, correspondendo a quase metade da quantia exportada em minérios, no mesmo período (US$ 21,1 bilhões). Ele ainda citou que, de toda a produção mineral do país, em torno de 73% vem do minério de ferro.

“Temos uma grande concentração [produtiva] de minério de ferro, o que por um lado é positivo, pela dimensão que tem sua produção, faturamento e contribuição para as exportações e geração de divisas para o Brasil. Mas por outro, traz uma vulnerabilidade [comercial] por duas razões: essa enorme concentração aqui e muita concentração em um só país, que é a China [no caso, das vendas externas]”, comentou o executivo, durante a coletiva.

O minério de ferro registrou uma redução expressiva nas exportações: caiu de US$ 21,5 bilhões e 167,1 milhões de toneladas, no período avaliado, para US$ 15 bilhões e 154,4 milhões de toneladas. As exportações de ouro também reduziram quase 8% (US$ 2,3 bilhões) e 11,5% em toneladas.

Saldo comercial mineral

Conforme o Ibram, houve uma queda de quase 30% (em dólar) das compras de minério do Brasil pela China, o que contribuiu para derrubar o saldo comercial mineral (-52,5%), no primeiro semestre de 2022 em relação a igual período do ano passado. Esse mau desempenho decorreu do fato de o país ter exportado menos 24% e importado 200% a mais de minérios (também em dólar).

“Mais uma vez está comprovado com dados concretos que a mineração, inclusive a do Brasil, tem um comportamento cíclico e depende dos humores do mercado internacional para apresentar bons resultados. O desempenho setorial do primeiro semestre está bem abaixo do que foi apurado no ano passado e o país perde divisas, atratividade para investimentos, geração de negócios, emprego, renda e tributos”, disse Jungmann, em comunicado.

Ele acrescentou que o setor de mineração carece de novos estímulos e não pode continuar sendo alvo constante de ações internas, que visam elevar seus custos, derrubando sua competitividade. “Os ataques especulativos, como os que ocorrem no parlamento, precisam ser debelados e, enquanto isso, o faturamento do setor decai”, disse Jungmann, em comunicado.

Jungmann teceu suas críticas ao se referir às propostas legislativas, que vêm tentando aumentar valores de royalties, além de criar taxas por estados, que recaem sobre as mineradoras. Em sua visão, “todos esses fatores são danosos para a segurança jurídica e para a atração de investimentos”.

China

As exportações de minério de ferro para a China sofreram uma redução de 32,3% em dólar e 7,2% em toneladas; as de cobre caíram quase 28% e 22,2%, respectivamente; e as vendas externas brasileiras de zinco para o país asiático diminuíram 34,6% e 34,3%, na mesma sequência.

Ainda durante a coletiva, Jungmann mencionou alguns fatores que levaram à queda das compras chinesas de minérios, entre janeiro de junho deste ano: “Várias siderúrgicas da China reduziram suas produções para possibilitarem que as Olimpíadas de Inverno [realizadas em fevereiro de 2022] fossem realizadas em melhores condições climáticas e ambientais. Também houve um aumento de estoques portuários, sobretudo de minério de ferro nos portos chineses, além da volta dos lockdowns em virtude da pandemia de Covid-19”.

De acordo com o Ibram, a invasão da Rússia à Ucrânia também causou temor em produtores globais, que tiveram mais cautela e reduziram seus percentuais de produção mineral. Para ter acesso ao desempenho completo do setor de mineração, no primeiro semestre deste ano.

Site: Portos e Navios – 28/07/2022


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