2022-07-26
Complexo de Suape anuncia criação de hub de hidrogênio verde

Iniciativa, que conta com coordenação da CTG Brasil e parcerias do Senai e governo de Pernambuco, pretende desenvolver soluções inovadoras ligadas ao combustível alternativo

Uma iniciativa pretende revolucionar as pesquisas em inovação com hidrogênio verde (H2V) no Complexo Industrial Portuário de Suape em Recife (PE). Para dar o pontapé inicial foi lançado, nesta segunda-feira (25), o 'TechHub Hidrogênio Verde', que será coordenado pela CTG Brasil – uma das empresas líderes em geração de energia limpa no país –, em parceria com o Departamento Nacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Senai Pernambuco e o governo estadual.

Com investimentos previstos em torno de R$ 45 milhões, a iniciativa – que faz parte da estratégia de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) + Inovação da CTG Brasil, alinhada ao programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – vai concentrar esse trabalho conjunto em Suape, com foco na produção, transporte, armazenamento e gestão do chamado 'combustível do futuro'. As propostas foram selecionadas via edital, que previa um aporte de R$ 18 milhões, na chamada pública “Missão Estratégica Hidrogênio Verde”, cujo resultado foi divulgado em fevereiro deste ano.

Localizado entre os municípios do Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca, na Grande Recife, Suape foi escolhido por ser um 'hub port natural', concentrador e distribuidor de cargas para as regiões Nordeste e Norte do Brasil, além de ter destaque na movimentação de granéis líquidos por cabotage, considerando os portos públicos do país, e ter a maior movimentação de contêineres e de veículos do eixo Norte-Nordeste.

De acordo com Carlos Eduardo Cavalcanti, diretor de meio ambiente e sustentabilidade do Complexo Industrial Portuário de Suape, como o projeto está em fase inicial, ainda é precoce falar em desempenho financeiro, principalmente porque o preço do H2V, atualmente, é quatro vezes mais caro que o cobrado pelo hidrogênio cinza (H2), que é poluente. “O modelo de negócio a ser estabelecido se dará tanto para atendimento do complexo industrial portuário, como para exportação”, ponderou ele, em entrevista à Portos e Navios.

Cavalcanti destacou que, pelo cronograma inicial, 2026 deve ser o ano viável para a comercialização do hidrogênio verde. “O player tem o mercado externo como prioridade ainda que, para o Complexo Industrial Portuário de Suape, seja prioritário estabelecer o atendimento local, principalmente para o estabelecimento da transição energética requerida”.

O diretor informou que outra parte do projeto com H2V, envolvendo demais players e que está mais avançado, foi planejado em quatro etapas: “A primeira, a partir de 2026, prevê a produção de 170 mil toneladas por ano de hidrogênio verde, chegando a 340 mil daqui oito anos. A previsão de investimentos, que é totalmente privada, gira em torno de US$ 3,8 bilhões até 2030". Este é o valor estimado que Suape ainda está negociando com alguns players.

Uma das maiores investidoras nacionais do programa de H2V, a CTG Brasil investe em novas soluções e tecnologias que possam acelerar a transição energética e impulsionar o protagonismo do país em projetos que visem à economia de baixo carbono. “Um dos objetivos da iniciativa é promover um ecossistema voltado para emprego de novas tecnologias, melhoria no processo de eletrólise, aumento de eficiência total da planta, redução de custos, capacitação e proposição de novos modelos de negócios”, afirmou Carlos Nascimento, gerente de P&D da empresa, em comunicado.

Para conectar todas as iniciativas de investimentos, nas plantas-piloto implementadas no TechHub Hidrogênio Verde, será desenvolvida uma plataforma digital de comercialização para esse novo combustível. “É fundamental rastrear e certificar a origem da energia para a produção do hidrogênio, assegurando que a fonte de alimentação da planta é proveniente de energia 100% renovável, abrindo ainda mais portas para a comercialização deste que é considerado o combustível do futuro”, disse José Renato Domingues, vice-presidente corporativo da CTG Brasil, também em comunicado.

O secretário de desenvolvimento econômico de Pernambuco, Geraldo Julio de Mello Filho, disse que o TechHub mostra a capacidade de Suape e sua diversidade em abraçar empreendimentos de vários setores. “Estamos de olho no futuro, já que o hidrogênio verde é uma inovação mundial, tem grande potencial de investimento, sustentabilidade e desenvolvimento da economia verde. Além disso, são medidas visionárias como essa que vão sempre nos manter protagonistas e aparecendo na estratégia de grandes agentes econômicos globais, quando se fala do Nordeste e do Brasil”, analisou.

Fontes renováveis

Com grande potencial para geração de energia a partir de fontes renováveis, na visão do diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi, o Brasil precisa ampliar seus investimentos em soluções inovadoras e sustentáveis. “Precisamos avançar mais em pesquisas. Nosso maior desafio é desenvolver uma diversidade de matrizes energéticas sustentáveis e confiáveis que poderão suprir as necessidades de energia de uma população em crescimento”, disse ele.

“Enxergamos, no Complexo Industrial Portuário de Suape, uma forma de testar a viabilidade desses projetos em um cenário real, agregando outras empresas e criando um verdadeiro hub de inovação”, reforçou Camila Barreto, diretora-regional do Senai Pernambuco, em comunicado.

Memorando de entendimento

Durante o lançamento do TechHub Hidrogênio Verde, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco, a CTG Brasil e o Senai Pernambuco assinaram um memorando de entendimento para avaliar o desenvolvimento e/ou a implementação de diversos projetos da cadeia de hidrogênio do complexo de Suape, reunindo a expertise do porto e seu posicionamento estratégico, além do potencial energético da própria região.

A partir dessa formalização será possível estabelecer relações colaborativas entre as instituições, com o intuito de promover o desenvolvimento de projetos, contribuir com o processo de descarbonização, com o aumento da participação de fontes renováveis nas atividades portuárias. Também estão previstos o estabelecimento da intenção de encontrar oportunidades conjuntas na área de energia e descarbonização de indústrias vinculadas ao porto.

O complexo de Suape interliga mais de 160 portos em todos os continentes, tendo em vista que 90% do Produto Interno Bruto (PIB) da região se encontram em um raio de 800 quilômetros de sua zona portuária, que é rodeada por uma população de 57 milhões de potenciais consumidores e 224 empresas em funcionamento.

Site: Portos e Navios – 26/07/2022


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