Milho puxa exportações de grãos com efeito atípico no Porto de Paranaguá
Assim como setor agropecuário como um todo, cereal protagonizou pauta das vendas externas das commodities agrícolas, nos primeiros 11 dias de julho, conforme dados da balança comercial divulgados pela Secex
A super safra brasileira de milho, em 2022, tem levado o cereal a protagonizar o aumento – em volume – das exportações de grãos do país, diante de um cenário atípico de guerra no leste europeu e de terminais portuários que não costumavam escoar cargas tão expressivas dessa commodity agrícola, a exemplo do Porto de Paranaguá (PR). O volume de milho embarcado no primeiro semestre – via Paraná – cresceu 221% sobre igual período do ano passado: foram mais de 1,9 milhão de toneladas de janeiro a junho, contra 591.538 toneladas em 2021. No mesmo comparativo, os embarques voltaram a se igualar aos de três anos atrás, quando as vendas externas desse produto foram recordes nos portos de todo o Brasil, incluindo o de Paranaguá.
O que vem chamando a atenção é que, após dois anos sem exportar milho no mês de junho, tanto em 2020 como em 2021, o volume carregado do grão superou as 354 mil toneladas, no mês passado – um desempenho considerado significativo, mesmo ficando atrás de maio (504,3 mil toneladas) e abril (527,8 mil/ton).
O cenário das exportações do grão – via Porto de Paranaguá – em outros meses de anos anteriores também não foi positivo. Isso porque seus embarques zeraram entre fevereiro e junho de 2020 e de março a junho do ano passado. No entanto, a mesma situação não vem se repetindo neste ano.
O diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, Luiz Fernando Garcia destacou que o Brasil – um dos maiores produtores de milho do mundo – se dedica, nesse período, às exportações da segunda safra, a chamada 'safrinha'. “Geralmente, a primeira safra é mais voltada para o mercado interno. Por isso, geralmente no primeiro semestre do ano, as exportações costumam ser menores”, disse Garcia à Portos e Navios.
Segundo Garcia, o que se observou nos últimos meses foi uma nova demanda em uma “janela”, que acabou surgindo como efeito da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ou seja, o Brasil entrou nesse “share”, porque manteve estoques de milho para negociar, posteriormente, com melhores margens de preços, aproveitando a demanda e a oferta do produto.
“A Ucrânia costuma atender à demanda pelo cereal no primeiro semestre do ano, pelo Mar Negro, principalmente para África e Europa. No entanto, com os portos ucranianos fechados, abriu-se uma oportunidade para o Brasil que ainda tinha, em estoque, parte do milho da primeira safra, além de preço e demanda de mercado. E parte dessa exportação tem saído daqui, do Porto de Paranaguá”, ressaltou Garcia.
Conforme a autoridade portuária, o milho exportado via Paranaguá tem origem, principalmente, nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, sendo Egito, Irã, Espanha, Portugal e Coreia do Sul os principais países de destino.
Balança comercial
Na última segunda-feira (18), a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia divulgou os dados dos negócios do Brasil com o mercado internacional, referentes aos 11 primeiros dias de julho. A balança comercial registrou um superávit de quase US$ 1,4 bilhão e corrente de comércio de aproximadamente US$ 13,2 bilhões.
O saldo positivo foi decorrente das exportações, que chegaram ao valor aproximado de US$ 7,3 bilhões, sobre as importações que alcançaram algo em torno de US$ 5,9 bilhões. As exportações totalizaram quase US$ 17 bilhões e as importações US$ 13,2 bilhões, com desempenho em alta por volta de US$ 3,8 bilhões e corrente de comércio de US$ 30,2 bilhões, aproximadamente.
No acumulado de janeiro até quase metade de julho, as vendas externas somaram em torno de US$ 181,1 bilhões e as importações por volta de US$ 143 bilhões, resultando novamente em um superávit de quase US$ 38,1 bilhões e corrente de comércio de US$ 324,1 bilhões.
Agro volta a ser destaque
Dentre os setores que compõem a balança comercial do Brasil – agropecuária, indústria extrativa e indústria da transformação –, as commodities do agronegócio foram, mais uma vez, os carros-chefes das exportações, no período considerado em julho pela Secex. O agro registrou um crescimento de 66%, somando US$ 4,17 bilhões; a indústria de transformação teve alta de 38,4% (US$ 8,96 bilhões); e a indústria extrativa, um incremento de 2,6% (US$ 3,81 bilhões).
No agro, os destaques de julho foram as vendas externas de milho não moído, exceto milho doce (+183,3%), café não torrado (+89,9%) e soja (+57,8%). Na indústria da transformação, lideraram os grupos de gorduras e óleos vegetais, “soft”, bruto, refinado ou fracionado com expansão de 188,6%; e de óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) com acréscimo de 103,8%.
Outros minerais em bruto (+111,3%), óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (98%), minérios de cobre e seus concentrados (+66,1%) e açúcares e melaços (+65,3%) foram os destaques da indústria extrativa.
Site: Portos e Navios – 20/07/2022
