2022-07-08
Venda de carne bovina brasileira para China cresce 35%

Exportações gerais das carnes in natura e processadas cresceram 24% no 1º semestre, com destaque para Estados Unidos, que passaram a figurar como segundo maior parceiro do país

Mesmo com os recentes lockdowns ainda decorrentes da pandemia e de restrições a algumas unidades frigoríficas do país, a China segue como o principal parceiro do Brasil na compra de carnes bovinas in natura e processadas. No primeiro semestre de 2022, o país asiático importou 544.069 toneladas, um desempenho 35% superior em relação às 401.577 toneladas adquiridas, em igual período do ano passado.

Na receita de janeiro a junho, as vendas dessa commodity para o gigante asiático tiveram um crescimento de 86%, saltando de US$ 1,972 bilhão em 2021, para US$ 3,682 bilhões neste ano. As informações são da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), a partir de dados compilados da balança comercial, que foram divulgados no último dia 1º de julho, pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

De acordo com Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro – empresa de consultoria de inteligência de mercado com foco nas cadeias produtivas de proteína animal –, desde o início dos anos 2000, a China vem passando por um novo processo de urbanização e aumentando seu Produto Interno Bruto (PIB) em ritmo acelerado.

“Nesse período, o PIB per capita de lá aumentou sete vezes e as vendas de carne bovina do Brasil, para o mercado chinês, já vinham crescendo estimuladas por esse cenário. A partir de 2019, no entanto, com a incidência da peste suína africana, que afetou significativamente a disponibilidade de carne suína naquele país asiático, a demanda [por carne bovina] aumentou rapidamente. Em 2021 o Brasil exportou 2,2 vezes mais carne para a China do que havia exportado em 2018”, analisou o especialista, a pedido da Portos e Navios.

No último dia 20 de junho, a Portos e Navios divulgou que dez frigoríficos pertencentes a cinco grandes empresas brasileiras estavam suspensas da exportação de carne bovina para a China, entre os meses de março e junho, sendo que seis deles já haviam voltado a enviar essa commodity ao país asiático, conforme dados empresa de consultoria Agrifatto. Até a data de 6 de junho (quarta-feira), a lista de restrições continuava a mesma.

Desempenho geral

Segundo dados da Secex/Ministério da Economia, compilados pela Abrafrigo, com a movimentação total de carne in natura e carnes processadas na ordem de 176.455 toneladas, as exportações desses produtos tiveram alta 6,5% no volume de junho, em relação a maio (181.138 toneladas). No mesmo mês de 2021, as vendas externas do país chegaram a 165.644 toneladas.

Os preços da carne bovina brasileira tiveram uma valorização no mercado internacional, resultando em um crescimento de 37% da receita, que saltou de US$ 837 milhões em 2021, para US$ 1,45 bilhão no primeiro semestre deste ano.

Diante desse desempenho, o acumulado de janeiro a junho de 2022 encerrou com a exportação de aproximadamente 1,1 milhão de toneladas contra 880 mil em igual período do ano passado – alta de 24%. Isso também levou ao aumento da receita (+53%), que passou de US$ 4,085 bilhões em 2021, para US$ 6,245 bilhões neste ano.

EUA saltam para 2º maior comprador

Um novo cenário das vendas externas dessa proteína animal chamou a atenção: os Estados Unidos, que até alguns anos atrás sequer apareciam entre os 15 maiores compradores de carne bovina do Brasil, agora ocupam o segundo lugar na pauta comercial das exportações dessa commodity. Conforme a Secex/Abrafrigo, o mercado norte-americano continua elevando suas importações, o que resultou em um expressivo aumento de 130% de janeiro a junho deste ano: 97.924 toneladas, um volume bem acima das 42.482 toneladas vendidas no mesmo período de 2021.

“Os EUA são o segundo maior exportador de carne bovina do mundo, mas também são o segundo maior importador, atrás da China. Em 2021, eles exportaram 1,7 milhão de toneladas de carne bovina e importaram quase a mesma quantidade, algo em torno de 1,5 milhão de toneladas. Como o Brasil é, atualmente, o país com a maior capacidade de resposta para esse mercado, é natural que os norte-americanos passem a demandar por maiores quantidades da carne brasileira”, analisou Nogueira, da Athenagro.

Outros parceiros

Ainda segundo a Abrafrigo/Secex, o terceiro maior parceiro na compra de carne bovina in natura e processadas do Brasil foi o Egito, com alta de 227% em suas importações, que saltaram de 21.870 toneladas em 2021, para 71.648 toneladas neste ano.

Cidade-estado da China, mas que possui autonomia, Hong Kong figurou como o quarto maior comprador no primeiro semestre, mesmo reduzindo suas aquisições de 117.445 toneladas em 2021 caíram para 51.432 toneladas de janeiro a junho deste ano.

Nogueira salientou que, desde 2018, Hong Kong vem reduzindo as importações do Brasil, justamente quando os embarques para o território chinês aumentaram, substancialmente. “Embora não sejam informações apresentadas nas estatísticas oficiais, acreditamos que haja uma reorganização na distribuição de carnes entre Hong Kong e as proximidades na China. As justificativas para essa redução seriam mais de ordem operacional e não com base em alguma mudança no comportamento daquele país”.

Outros dados da Secex, compilados pela Abrafrigo, mostram que o quinto maior importador de carne bovina in natura e processada do Brasil foi o Chile que, assim como Hong Kong também diminuiu suas compras: foram 39.825 toneladas importadas em 2021 e 35.620 toneladas em 2022 (queda de 10,6%).

A sexta posição é das Filipinas, saindo de 29,3 mil toneladas no ano passado, para quase 26,15 mil toneladas em 2022 (redução de 5,9%), entre os meses de janeiro e junho. Em sétimo apareceram os Emirados Árabes, com compras de quase 21,84 mil toneladas em 2021 e em torno de 26,15 mil toneladas em 2022 (alta de 19,8%), no mesmo comparativo.

Israel ficou em oitavo lugar, com importações de aproximadamente 14,91 mil toneladas no ano passado e 22,46 mil toneladas, no primeiro semestre de 2022 (+50,06%). No total, de acordo com a Abrafrigo/Secex, 109 países aumentaram suas compras de carnes bovinas in natura e processadas do Brasil, no primeiro semestre, enquanto outros 43 reduziram.

Site: Portos e Navios – 08/07/2022


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