Trecho goiano da Norte-Sul já opera com descargas de fertilizantes vindas de Santos
Terminal ferroviário na cidade de Rio Verde (GO) já movimentou mais de 4 milhões de toneladas de produtos agrícolas, com mais de 100 mil caminhões realizando apenas trajetos curtos e mais eficientes
Projetada há mais de 30 anos durante o governo José Sarney (1985-1990) e com início das obras em 1987, a Ferrovia Norte-Sul (FNS ou EF-151) foi lançada para ser “a espinha dorsal do sistema ferroviário” do Brasil. Conforme projeções da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a demanda potencial desse modal é de movimentar 22,73 milhões de toneladas de cargas, até 2055, incluindo todos os trechos que passam pelos estados de Goiás, Maranhão, Tocantins, Minas Gerais e São Paulo.
O que nem todos sabem, segundo Denimarcio Borges, secretário municipal de desenvolvimento econômico sustentável e turismo de Rio Verde, é que a FNS está em operação e já apresenta bons resultados, especialmente após a inauguração do Terminal Rodoferroviário da empresa concessionária Rumo, em julho de 2021.
Foi o que ele informou durante o painel “Alternativas logísticas para o desenvolvimento da região Centro-Oeste”, realizado nesta terça-feira (5), durante o Centro-Oeste Export – Fórum Regional de Logística e Infraestrutura Portuária, que integra uma série de encontros do fórum nacional Brasil Export.
Borges relatou que a FNS está operando na interligação da malha paulista, no município de Estrela D’Oeste, e o Porto de Santos (SP). “De um ano para cá (após a realização do Centro-Oeste Export em Goiás, no final de julho de 2021), já tivemos uma movimentação de 4 milhões de toneladas [de produtos da agricultura], usando a Ferrovia Norte-Sul no Tramo Sul, com destino ao Porto de Santos. Estamos falando de mais de 100 mil caminhões que fizeram um trajeto curto e mais eficiente, deixando a produção no terminal ferroviário de Rio Verde”, relatou o secretário.
Segunda etapa da FNS
“Temos uma segunda etapa da ferrovia, envolvendo um novo empreendimento que está para ser inaugurado, mas já começou a operar recentemente, relacionado à descarga de fertilizantes. A operação já está recebendo 100 vagões com fertilizantes, nessa fase inicial, cujas cargas estão saindo do Porto de Santos até a região Sudoeste de Goiás, no Centro-Oeste, através do modal ferroviário”, informou Borges.
De acordo com ele, isso já vem refletindo nos custos logísticos para os produtores rurais e agroindústrias. “Tomando como exemplo o farelo de soja, que é um produto de valor agregado, produzido por cooperativas e outras empresas que estão fazendo a verticalização dessa produção, os custos podem chegar a uma redução de 50% no valor do frete, em comparação com o escoamento via Porto Paranaguá (PR)”, afirmou o secretário.
Para Borges, isso significa um importante impacto na competitividade da produção agrícola no Centro-Oeste. “É algo que os produtores rurais e indústrias precisam, para que seus produtos sejam mais competitivos, e possamos ter as respostas sobre a eficiência da porteira para dentro e a ineficiência da porteira para fora”.
Nas próximas etapas da FNS, previstas para o próximo ano, devem começar as operações de transporte ferroviário de líquidos, sobretudo combustíveis. “No segundo semestre, agora, essa operação já entra com o terminal no modal rodoviário com previsão, para o primeiro trimestre de 2023, para começar com o modal ferroviário”, sinalizou Borges.
Concessionária Rumo
Concessionária de ferrovias, a empresa Rumo – responsável pelo Terminal Rodoferroviário de Rio Verde, investiu R$ 390 milhões na construção desse empreendimento, para a operação de grãos e farelo de soja, em cerca de 200 quilômetros de trilhos.
De acordo com a companhia, conforme relatos da época da inauguração do terminal, ela atendeu a uma expectativa do Sudoeste de Goiás, que começou em 1986, quando a região vislumbrava a ferrovia como opção logística, como fruto da construção da Ferrovia Norte-Sul.
Segundo a empresa, “o investimento está alinhado ao fato de a região já despontar como importante fronteira agrícola na produção de grãos, farelo de soja e biocombustíveis, como etanol de milho”.
Parte do grupo Cosan e resultado da fusão, no ano de 2016, da Rumo Logística e da América Latina Logística (ALL), a concessionária Rumo é a maior operadora de ferrovias do Brasil, oferecendo serviços logísticos de transporte ferroviário e de contêineres, elevação portuária e de armazenagem.
Transporte de vários produtos
Atualmente, ela opera quatro concessões com aproximadamente 14 mil quilômetros de linhas férreas, ligando as principais regiões produtoras aos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR), São Francisco do Sul e Rio Grande (RS), sendo responsável pelo transporte de 26% do volume de grãos exportados pelo Brasil, como milho, trigo, soja e farelo de soja, além de açúcar, óleo vegetal e fertilizantes.
Na área de logística de combustíveis de derivados claros, como o diesel e a gasolina, os produtos têm origem nas principais refinarias do Sul do país e do estado de São Paulo, com destino às áreas de consumo nas regiões de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Em relação ao etanol, de acordo com a empresa, a distribuição primária é feita em toda a região Sul do Brasil. No segmento do óleo vegetal, em parceria com os maiores players do setor, como Bunge, Coinbra, Agrenco e Imcop, o escoamento é feito para o Porto Paranaguá. Também vem atuando com o transporte para os setores de siderurgia, construção civil, florestal, consumo e contêineres.
Site: Portos e Navios – 06/07/2022
