Milho, café e soja estão em alta no mercado internacional
Superávit da balança comercial da agropecuária foi de US$ 37,52 bilhões, entre os meses de janeiro e junho, o que comprova a boa fase das vendas externas das commodities brasileiras
As exportações da agropecuária – dentre os demais setores da economia, como indústrias extrativa e de transformação, que fazem parte da balança comercial do Brasil – foram as que mais cresceram, tanto em junho quanto no primeiro semestre de 2022: alta de 30,4%, totalizando US$ 7,81 bilhões, e um desempenho positivo de 27,8%, somando US$ 40,35 bilhões, respectivamente.
Já as importações do agronegócio subiram 22,8% no mês passado (+US$ 560 milhões) e 11,7% de janeiro a junho (+US$ 2,83 bilhões), resultando em um superávit de US$ 37,52 bilhões na balança comercial desse setor.
Na pauta das exportações, milho, café e soja foram os principais responsáveis por esse desempenho externo do agro, conforme números divulgados na sexta-feira (1º) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério da Economia.
Ao contrário do primeiro semestre de 2021, fase em que a soja teve grande destaque, desta vez o protagonista das vendas externas (em porcentagem de aumento) foi o milho, ao contabilizar um crescimento de 1.458,9% no mês de junho, chegando a aproximadamente 1,05 milhão de tonelada exportada – um volume muito acima de quase 92,2 mil toneladas vendidas lá fora, em igual mês do ano passado. No primeiro semestre de 2022, o grão fechou o período com elevação de 142,6%, enquanto a soja encerrou com alta de apenas 22,7%.
“Os problemas que envolveram o cultivo de milho no país, em 2021, tendem a ficar para trás. Para julho, por exemplo, esperamos exportar 4,8 milhões de toneladas decorrentes da colheita do milho segunda safra, a chamada safrinha”, disse Hélio Sirimarco, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), à Portos e Navios.
De acordo com o executivo, a busca pelo milho aumentou bastante, na contramão das exportações de outros países, até então, concorrentes do Brasil. “A demanda por milho em todo o mundo está acelerada e isso é um cenário à parte ao da guerra no leste europeu, por exemplo. Nosso país está ocupando um espaço maior nesse mercado”, ressaltou.
Para ele, certos pontos merecem destaque, como o fato de que, em maio passado, o mercado ucraniano tinha 20 milhões de toneladas de grãos para exportação, mas não conseguia embarcá-las, até então. De modo geral, conforme Sirimarco, o que poucos sabem é que aquele país contribui com 42% do óleo de girassol que circula em todo o mundo, 16% do milho e 9% do trigo.
“A Ucrânia continua com problemas para exportar milho e outros grãos, por conta da guerra com a Rússia. A Argentina, que também é um grande exportador desse cereal, passou por problemas na safra e agora está vivenciando imbróglios internos, como aumentos tarifários (impostos), além do fato de o ministro da Fazenda argentino ter deixado o cargo, neste final de semana. Inclusive, isso fez com que o dólar explodisse por lá, podendo trazer reflexos econômicos negativos para o nosso vizinho, especialmente no agro”, relatou o vice-presidente da SNA.
Outras commodities
Considerando outras exportações do agronegócio, depois do milho, o café aparece na sequência com um crescimento de 76,7% no mês passado e de 56,6% no acumulado de janeiro a junho. Em terceiro lugar vem a soja, com um acréscimo de 22,7% em junho e elevação acumulada também de 22,7%, no primeiro semestre.
“No caso da soja, tivemos problemas de quebra de safra no ciclo agrícola de 2021/2022. Em contrapartida, houve um aumento da demanda interna, principalmente de seus derivados, como farelo e óleo. Por causa dos preços pagos ao produtor rural, que estão melhores, tem sido mais vantajoso atender ao mercado nacional. Para as indústrias de esmagamento da oleaginosa, o cenário também está aquecido. Portanto, está compensando mais negociá-la por aqui do que exportar”, arrematou Sirimarco.
Preços pagos e receitas
Conforme a análise de valores, feita pela Broadcast Agro, o preço médio pago em junho, por cada tonelada de milho, foi de US$ 326,60 – quase 37% a mais em relação a igual mês do ano passado (US$ 238,90). Ainda em junho, a receita das vendas externas do cereal foi de US$ 343,3 milhões – um aumento aproximado de 1.458%, muito acima dos US$ 22,02 milhões de um ano atrás.
De acordo com a Broadcast Agro, os números de junho são reflexos dos negócios fechados com antecedência em torno da colheita da safrinha, “o que é comum nas exportações de commodities agrícolas”, conforme atestou o vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco.
A colheita brasileira da segunda safra de milho começou no final de maio, em algumas regiões produtoras do grão, além do adiantamento dessa fase em Mato Grosso, maior produtor nacional da safrinha. No acumulado do ano, os embarques de milho totalizaram algo em torno de 53,15 milhões de toneladas (queda de 7,6%) e US$ 30,5 bilhões (+23,7%).
Em relação à soja, a Broadcast Agro destacou que, em junho, o preço médio pago por tonelada da oleaginosa foi de US$ 627,00, superando em 34,1% o valor pago um ano atrás (US$ 467,50/ton). Já a receita com as vendas externas desse grão cresceu 22,8%, em relação a junho de 2021, somando US$ 6,35 bilhões contra US$ 5,17 bilhões, no mesmo período de 2021.
Site: Portos e Navios – 05/07/2022
