2022-06-30
Inteligência artificial e automação ditam novos rumos aos trabalhadores portuários avulsos

Com adoção de novos sistemas tecnológicos e estratégias de escalas funcionais e de segurança voltadas para TPAs do Ogmo Paranaguá, objetivo é aperfeiçoar mão de obra, mantendo profissionais dispostos a se adaptarem ao futuro do trabalho no porto paranaense

Os avanços tecnológicos implantados nas operações no Porto de Paranaguá (PR) já são percebidos à beira do cais, graças a sistemas de automação e Inteligência Artificial (IA). Mesmo que o uso de contêineres, portêineres, sistemas de correias transportadoras, shiploaders e coletores de dados tenham eliminado diversas funções, reduzindo a mão de obra humana, a atuação dos trabalhadores portuários avulsos (TPAs) continua fundamental para que grande parte de tudo isso funcione, no entanto, suas habilidades tendem a evoluir.

Com o objetivo de prepará-los para o futuro do trabalho no terminal portuário paranaense, o Órgão de Gestão de Mão de Obra – Ogmo Paranaguá está desenvolvendo um projeto de um parque de simuladores portuários de física realística. “Com isso, será possível aperfeiçoar a mão de obra existente, mantendo aqueles dispostos a se adaptarem a esse novo ambiente de trabalho, bem como treinar novas equipes mais preparadas, tecnologicamente”, salientou a diretora executiva da instituição, Shana Carolina Bertol, à Portos e Navios.

De acordo com ela, muitos equipamentos já podem ser operados em modo remoto e esses simuladores, por sua vez, vão preparar essa mão de obra, permitindo empregar não apenas trabalhadores do sexo masculino, como também as mulheres, criando oportunidades mais diversificada.

“O transporte de sacaria, por exemplo, que antes era realizado apenas pela força braçal dos trabalhadores portuários [homens], hoje é feito, predominantemente, por meio de guindastes que içam as lingadas ou por shiploaders que, sendo totalmente mecanizados e funcionando como espirais, descarregam e distribuem os sacos nos navios de forma uniforme, no porão dessa embarcação”, destacou Bertol.

Outra situação envolve as correias transportadoras, que levam a carga direto do navio ao terminal, sem interferência humana. “As cargas conteinerizadas eliminaram funções dos TPAs e reduziram o quantitativo de homens nas equipes”, contou a diretora.

Ela também citou que, em algumas operações, são utilizados coletores de dados para contagem de volumes de carga, tipos de cargas e assistência à pesagem, que lançam as informações de movimentação direto para o sistema integrado de informações.

Falta mão de obra

O Ogmo Paranaguá, assim como demais do gênero em outros portos do Brasil, administra as atividades dos trabalhadores portuários avulsos (TPAs), que antigamente eram chamados de estivadores. Trata-se de profissionais sem vínculo empregatício convocados, diariamente, para atender às operações em navios que atracam nos terminais portuários. Eles são remunerados por tarefas.

Bertol disse que, mesmo que as novas tecnologias possam vir a substituir ou já estejam substituindo o trabalho humano, nos últimos meses, “as operações portuárias têm sofrido sérios prejuízos com a falta de mão de obra avulsa. Por essa razão, em conjunto com o Sindicato dos Operadores Portuários do Estado do Paraná (Sindop), foi estabelecido um conjunto de medidas para suprir a ausência desses profissionais no Porto de Paranaguá, tais como:

- Assiduidade: Implantada desde 18 de maio de 2022, visando ao estímulo da frequência e do comprometimento do TPAs com as ofertas de trabalho;

-Escala funcional: Implantada desde 17 de junho deste ano, funcionando somente em caso da falta de mão de obra, preservando tanto o direito de escolha do TPA quanto da funcionalidade do terminal. “Sendo assim, ao ocorrer a falta de mão de obra, o sistema fará o preenchimento das faltas, aproveitando as habilitações desses profissionais que, em suas escolhas, não foram escalados”, informou Bertol.

- Outras medidas: Em paralelo, o Ogmo Paranaguá, o Sindop e os sindicatos laborais seguem analisando outras medidas, que possam elevar a eficiência da mão de obra avulsa.

Atualmente, o quadro de TPAs do Ogmo Paranaguá, no terminal paranaense, é composto por 1948 trabalhadores avulsos, que atuam nas áreas de estiva (939 profissionais registrados no sistema), capatazia/arrumador (565), bloco (292), vigia (91), conferente (61). Na função de consertador, não nenhum cadastro.

Mais ferramentas de controle

Outras ferramentas também estão sendo utilizadas para o controle do trabalho diário dos TPAs, como um aplicativo lançado em outubro de 2019, especialmente, para os trabalhadores portuários avulsos e operadores portuários associados ao Ogmo Paranaguá (operadores). Ele visa facilitar a requisição de mão de obra por parte do operador e para a habilitação do TPA às respectivas vagas ofertadas. O uso do app não é obrigatório, permanecendo a possibilidade de requisição de mão de obra e habilitação para o trabalho pelo site do OGMO.

“O aplicativo é mais uma opção de mobilidade para que os TPAs possam se habilitar para o trabalho, conferir ofertas, resultados de escalação, entre outros. Tudo isso via web e sem precisar se deslocar. O operador portuário também pode utilizar o app para fazer sua requisição de oferta de trabalho”, informou Bertol.

Outro sistema, implantado no último dia 17 de maio e considerado pelo Ogmo Paranaguá envolve o “Diálogo de Segurança Integrado” (DSI) do órgão gestor. “O DSI é uma ferramenta que integra o Ogmo, autoridades portuárias, operadores portuários e trabalhadores portuários avulsos, como objetivo de fortalecer os relacionamentos e promover a segurança do trabalhador portuário. Ele ocorre no início dos turnos, em operações pré-determinadas, abordando temas reflexivos que possam contribuir para a conscientização desses profissionais”, destacou a diretora executiva.

Segundo Bertol, “espera-se que esses diálogos melhorem, progressivamente, as decisões dos TPAs diante dos riscos presentes na operação, auxiliando-os em uma melhor tomada de decisão e diminuindo acidentes”.

Ela ainda ressaltou que, com todos esses sistemas integrados, o objetivo do Ogmo Paranaguá é se tornar essencial para o desenvolvimento das atividades portuárias, assegurando as melhores práticas para os profissionais envolvidos.

“Para tanto, o Ogmo busca a transformação do modelo de fornecimento de mão de obra portuária, agregando mais valor para o sistema, por meio dos seguintes pilares: qualidade, segurança e eficiência. Por isso, adotamos ações de profissionalização do nosso modelo de gestão, equalização do passivo trabalhista, treinamento e qualificação, escalas funcionais de trabalho, saúde e segurança dos TPAs e políticas sociais e sustentáveis”, pontuou Bertol.

Site: Portos e Navios – 30/06/2022


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